O número de negros que ingressou no ensino superior entre 2005 e 2015 mais que dobrou, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Com os dados mais recentes, divulgados em dezembro, a pesquisa Síntese de Indicadores Sociais - Uma análise das condições de vida da população brasileira mostrou que, há 12 anos, apenas 5,5% dos jovens negros e pardos em idade universitária frequentavam a faculdade. Em 2015, esse percentual saltou para 12,8%.
Comparados com os brancos, no entanto, esse número segue bastante desigual: 26,5% dos jovens brancos entre 18 e 24 anos estavam no ensino superior em 2015 (contra 17,8% em 2005). Segundo o IBGE, ações afirmativas, como as cotas, e políticas públicas, como o Programa Universidade para Todos (ProUni), ajudaram a democratizar o ensino superior – embora o relatório também destaque que o alto índice de repetência ainda no ensino fundamental esteja entre os fatores que mais desestimulam os jovens a continuar estudando.
Protagonizo, site que liga negros com ensino superior a recrutadores de grandes empresas
Dado o aumento real de afrodescendentes com ensino superior, o Brasil se depara com outra questão: inserí-los no mercado de trabalho qualificado. "Ao questionar empresários e recrutadores em palestras e encontros, eles rebatiam dizendo que era difícil encontrar pessoas negras qualificadas para cargos de liderança", conta Alexandra Loras, ativista pelos direitos dos negros e das mulheres e ex-consulesa da França no Brasil (dá uma olhada na entrevista que fizemos com ela).
Criada por Alexandra e pelo engenheiro de TI Anderson Carvalho, a startup Protagonizo é uma plataforma que pretende ligar profissionais negros qualificados e grandes empresas. No site, lançado no último domingo (4), é possível cadastrar um perfil e inserir contatos, como no Linkedin. A diferença é que o Protagonizo é voltado para pessoas afrodescendentes com ensino superior e que falam uma segunda língua. "Já estão cadastradas mais de 2 mil pessoas, a maioria formada nas melhores universidades do país", diz Alexandra. Mestra pela Sciences Po, uma das mais renomadas escolas de Ciências Políticas do mundo, a francesa acredita que a diversidade é extremamente positiva para as empresas, inclusive aumentando seu faturamento. "Um ambiente corporativo diverso dialoga melhor com o consumidor", afirma.
Segundo Alexandra, mais de 50 empresas, incluindo Google, Carrefour e O Boticário, apoiaram a ideia e terão na plataforma um meio a mais para encontrar profissionais. No site também há um espaço para cadastro de recrutadores. A avaliação do perfil do candidato e a interação com as empresas interessadas deve ser feita pela equipe do Protagonizo. A ideia é que também sejam promovidos treinamentos e que a plataforma auxilie o candidato a conquistar o mindset (ou atitude mental) almejado pela empresa. Bacana, hein?
Motivação? Temos!
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