Você sabia que 25 de novembro é o Dia Internacional da Não-violência contra a Mulher? Apesar de necessária, a data foi criada a partir de um acontecimento bastante triste: nesse dia, em 1960, as irmãs Pátria, Minerva e Maria Tereza Mirabal foram assassinadas na República Dominicana por causa da oposição ao regime ditatorial que assolava o país. Em 1999, a ONU instituiu a data para lembrar e refletir sobre os vários tipos de violência que atingem as mulheres até hoje.
Alguns tipos de violência, ainda que psicológica, são bastante evidentes, mas outras podem se mostrar sutilmente, como aconteceu recentemente com a atriz Mila Kunis. A situação costuma ser pior quando envolve uma relação afetiva. "Se seu namorado liga 20 vezes porque 'quer muito ouvir sua voz' na verdade ele quer saber onde e com quem está o tempo todo. É puro controle, não se trata de amor", diz Marisol Rojas, psicóloga especializada em violência de gênero, ao enfemenino, da Espanha.
À medida que o relacionamento se desenvolve – podendo chegar a casamento e filhos, por exemplo – pode ficar mais difícil escapar, seja por medo ou por achar que ninguém vai acreditar em você. "Quando a violência se manifesta de forma mais expressa é porque a relação já avançou e o vínculo emocional é forte, o que dificulta o rompimento", completa Marisol.
Por isso, garota, não deixe de desconfiar de qualquer desconforto que o parceiro a faça sentir com certa frequência.
Para a psicóloga, a violência de gênero é um problema social, resultado de uma cultura patriarcal, e que envolve a ação do governo, para promover educação e políticas de igualdade. Divulgado em outubro pelo Fórum Econômico Mundial, o ranking da igualdade de gênero, mostrou que o Brasil (e o mundo) ainda precisam de muitos anos para fazer com que homens e mulheres tenham o mesmo tratamento em termos sociais, econômicos e políticos.
Para que esse dia finalmente chegue, é preciso saber identificar e combater os vários tipos de violência contra a mulher. A gente listou alguns, olha só.
Violência física
É aquela infringida contra o corpo feminino, seja ela pontual ou frequente. Hematomas, fraturas, golpes e lesões são exemplos, mas a violência física também inclui tapas e empurrões. "Muitas mulheres acham que pode se tratar de uma 'discussão acalorada', o que acaba normalizando a agressão. E não pode ser assim", alerta Marisol.
Violência psicológica
São as que afetam o estado emocional e psicológico da mulher, como humilhações, ameaças, insultos, isolamento social, ridicularização e anulação da autoestima. "Normalmente, amigos e familiares da mulher identificam essa condutas antes dela", diz Marisol. Por isso, não ignore se pessoas próximas te alertarem sobre como você é tratada pelo parceiro, elas podem ter identificado sinais de que você está em um relacionamento abusivo.
Violência sexual
Trata-se de qualquer ato de natureza sexual sem o consentimento da mulher, seja ela conjugal ou por desconhecidos, e mesmo sem haver contato físico. Portanto, exibicionismo, revenge porn e gestos ou palavras obscenas estão incluídos. Também é considerada violência sexual crimes como exploração sexual de mulheres e meninas e mutilação genital.
Violência econômica
É quando existe a privação de recursos financeiros, intencional ou não justificada legalmente, para o bem-estar da mulher e de seus filhos.
Violência social
Humilhação, maus tratos a familiares e amigos, sedução de outras mulheres na sua presença e tentativa de desqualificá-la em público são exemplos de violência social. Atenção!
Maus tratos ambientais
Aí entram condutas agressivas e tentativas de destruir o patrimônio da mulher, como golpear paredes, quebrar objetos em casa e pertences da mulher.
Fique atenta!
Saber detectar essas condutas, principalmente no início da relação, é fundamental para não cair em um relacionamento tóxico. "É preciso desmistificar o amor romântico e optar por um tipo de amor saudável, baseado na liberdade e no respeito", diz Marisol Rojas. Ao se deparar com alguma dessas situações, tente se abrir com uma especialista ou mesmo entre em contato com uma Delegacia da Mulher. Casos de violência também podem ser relatados ao Disque-denúncia, no número 181.