Enquanto alguns artistas se dedicaram a pintar cenas da aristocracia ou campos floridos pelo mundo, o francês Henri de Toulouse-Lautrec (1864-1901) foi, digamos, além. O que o interessava de verdade era retratar a vida noturna parisiense no fim do século 19. Cabarés, cafés, salas de concerto e bordéis do célebre bairro de Montmartre eram os cenários favoritos do artista, e prostitutas, boêmios e dançarinos, seus principais personagens.
Sabe o filme Moulin Rouge - Amor em Vermelho, de 2001? Então, a vibe era mais ou menos essa. O mítico cabaré, aliás, foi bastante retratado na obra de Toulouse-Lautrec.
Agenda cultural: Toulouse-Lautrec no Masp
Até outubro, quem estiver em São Paulo poderá visitar a maior exposição dedicada à obra do artista já feita no Brasil, Toulouse-Lautrec em Vermelho. A mostra gira em torno do tema da sexualidade e reúne 75 obras, entre pinturas, cartazes e gravuras, muitas emblemáticas, produzidas pelo francês. Há trabalhos de outros museus importantes, como o Musée d’Orsay, de Paris, o Tate Modern e o Victoria & Albert Museum, de Londres, e a National Gallery of Art, de Washington. Das onze obras de Toulouse-Lautrec da coleção do MASP, nove estarão expostas.
Toulouse-Lautrec em Vermelho traz ainda 50 documentos da época, entre cartas, bilhetes, telegramas e fotografias do artista e seu círculo de amigos: desde sua primeira carta, aos 7 anos, onde apenas assina o nome; à última que escreveu, alguns meses antes de sua morte, em 1901. Algumas correspondências e fotografias nunca foram exibidas ao público.
Ou seja, programaço para quem curte arte!
Algumas obras da exposição sobre Toulouse-Lautrec
Em O divã, é retratado o salão de entrada de um luxuoso bordel parisiense na rue des Moulins, que Toulouse-Lautrec frequentou em meados dos anos 1890. Os sofás de veludo vermelho inspiraram o título da mostra, já que a cor também é associada ao prazer e à sexualidade, mote da exposição.
Frequentador de bordéis e cabarés também durante o dia, Toulouse-Lautrec ajudou a registrar a vida das prostitutas em suas atividades domésticas, como pentear o cabelo e fazer refeições. Um exemplo é Estas mulheres na sala de jantar. Em vez de imagens eróticas, feitas para o consumo masculino, o artista preferiu retratar momentos de intimidade a partir de um ponto de vista afetuoso.
Moulin de la Galette, que retrata o bar e salão de dança da classe trabalhadora localizado em um antigo moinho, é uma das obras mais conhecidas do artista e também integra a exposição.
A vida de Toulouse Lautrec
Henri de Toulouse-Lautrec nasceu em 1864 em uma família da nobreza decadente. Uma doença congênita nos ossos, provavelmente consequência do casamento entre seus pais, que eram primos, fez com que as pernas fossem afetadas em dois acidentes e não se desenvolvessem, ficando pequenas como as de um menino. A dificuldade de locomoção, no entanto, não o impediu de estudar pintura e frequentar ativamente a vida noturna parisiense, onde ele se sentia mais acolhido que na vida social diurna "regular".
Ele foi um dos artistas centrais da Paris do fim do século 19, capturando a efervescência noturna da capital que começava a se modernizar. Nessa época, as ruas foram iluminadas a gás e mais pessoas passaram a se encontrar nos espaços públicos, entre burgueses, boêmios, prostitutas, dançarinos e artistas. Em vez de ter um olhar moralizante, Toulouse-Lautrec preferiu retratar essas mulheres de uma perspectiva singular e afetuosa. Incrível!
Serviço:
Exposição Toulouse Lautrec em Vermelho
Quando: Até 1º de outubro de 2017
Horários: 10h/18h (qui. até 20h, fecha seg.)
Onde: Masp (Avenida Paulista, 1578, Cerqueira César, São Paulo)
Quanto: R$ 30,00 (grátis às terças).
Que tal um pouco de moda?
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