Para que seja considerado desenvolvido, um país precisa garantir que todos tenham os mesmos direitos e oportunidades, certo? No entanto, mesmo que o empoderamento feminino seja um assunto cada dia mais presente, ainda falta muito para equiparar, em escala mundial, homens e mulheres em termos socioeconômicos. Mais precisamente, 170 anos! Ou seja, você não viverá para ver a população feminina ter o mesmo salário e o mesmo acesso à educação, saúde e política que a masculina. No Brasil, se o ritmo de progresso for mantido, a igualdade de gênero deve ser atingida em 104 anos.
Essas estimativas são algumas das conclusões do relatório Global Gender Gap Report, conhecido como Índice Global da Desigualdade de Gênero, publicado anualmente pelo Fórum Econômico Mundial. O estudo, divulgado em 26 de outubro em Genebra, na Suíça, busca identificar o hiato que separa ambos os sexos, a fim de avaliar a situação feminina no mundo.
Ao todo, 144 países foram analisados sob quatro fatores principais: Realização educacional, Saúde e sobrevivência, Oportunidades econômicas e Empoderamento político.
No topo do ranking ficaram Islândia (1º), Finlândia (2º), Noruega (3º), Suécia (4º), Ruanda (5º), Irlanda (6º), Filipinas (7º), Eslovênia (8º) e Nova Zelândia (9º) e Nicarágua (10º). O Brasil aparece em 79º lugar, o segundo pior colocado da América do Sul, atrás apenas do Uruguai, que ficou em 91º. Em 2006, o país estava em 67º no ranking geral, mas houve melhora em relação ao ano passado, quando aparecemos na 85ª posição.
O Brasil se saiu melhor nos indicativos de saúde e educação: as mulheres são maioria nas universidades e têm maior expectativa de vida (68 anos, cinco a mais que os homens), repetindo o padrão mundial. Entretanto, a participação política, com escassez de cargos no alto escalão do governo e baixa presença no parlamento, e discrepância na remuneração – estamos na 129ª posição no quesito igualdade salarial – empurraram o Brasil para atrás de nações conhecidas por violar os direitos das mulheres, como Irã e Arábia Saudita.