Ter uma pequena horta caseira exige cuidados e dedicação, ao contrário do que o tamanho das plantinhas pode sugerir. “Engana-se quem pensa que ter uma horta é o passo mais fácil para um iniciante no mundo das plantas”, diz a jornalista Carol Costa. Apaixonada pelo assunto, ela tem um site, o Minhas Plantas, e acaba de lançar o livro Horta em Vasos (2016, Editora Matrix), além de apresentar um quadro no programa Mais cor, por favor, no canal a cabo GNT.
Mas não desista! Ninguém aqui disse que é preciso plantar uma floresta antes de colher manjericão fresquinho na varanda de casa. No entanto, é preciso pesquisar, dedicar-se e ficar atenta a alguns pontos básicos, que se não forem respeitados podem arruinar o projeto de ter uma horta em casa. A seguir, a gente preparou um pequeno guia para te ajudar a ter ervas e hortaliças de qualidade e, o melhor, cultivadas a poucos passos da cozinha. Dá uma olhada:
Horta vertical ou horizontal: onde plantar?
É claro que a disposição dos canteiros ou dos vasinhos (ou mesmo de embalagens recicladas, caixas de madeira…) vai depender do espaço que você tem. Em geral, a horta vertical é a melhor pedida para quem mora em apartamento ou não sabe o que fazer com aquela parede sem graça no quintal. Entretanto, na hora de escolher o lugar, o mais importante é a quantidade de sol que vai incidir sobre as plantas. “O mínimo são quatro horas por dia”, explica Carol. Isso vale para parapeitos, apoios em vitrôs e varandas – o que importa é a incidência solar direta. Ambientes internos, como garagens, por exemplo, não são totalmente impeditivos, mas significam que a horta será de uso rápido e contínuo, ou seja, com colheita e consumo imediatos. “Quanto mais sol, mais perene o cultivo”, conclui a expert.
O que plantar: temperos, frutas e hortaliças
Mais uma vez, o espaço conta. Plantas amontoadas podem impedir o crescimento umas das outras e ainda prejudicar a oxigenação de toda a horta – o ideal é que haja um vaso para cada espécie. Hortaliças com folhas maiores, como alface, couve e almeirão, ou mesmo beterraba e cenoura, podem ser cultivados, ainda que em espaços reduzidos. Nesse caso, a colheita deve ser precoce (de 20 a 40 dias) e resulta naqueles vegetais babies fofos. A vantagem é que eles são menos amargos (além de esteticamente bacanas!) e ideais para introduzir crianças e adultos menos habituados ao maravilhoso mundo da alimentação saudável.
Terra, substrato e adubo
Estar atento à qualidade da terra, que vai fornecer os nutrientes para a planta, é quase tão importante quanto à água que vai regá-la. Afinal, assim como os seres humanos, os vegetais também precisam de alimento para se desenvolver. Na natureza, eles são misturados ao solo por meio do depósito de compostos orgânicos (presentes no esterco, em folhas secas e em animais mortos, por exemplo). Em lojas de jardinagem, essa “mistura” é vendida pronta, o subtrato para mudas, ou seja, areia enriquecida com substâncias como nitrogênio, fósforo e potássio. Tanto que o adubo mineral NPK, composto por esses três elementos, é um dos mais usados e também pode ser encontrado em casas especializadas. Depois de plantar a muda (ou semente) no substrato, é bacana adubar a horta mais ou menos uma vez por mês, inserindo adubo mineral ou nutrientes “extras” encontrados em casa mesmo. Quer ver alguns exemplos?
- Casca de ovo triturada: fornece cálcio às plantas. Depois de usar a clara e a gema, dê uma lavadinha nas cascas, deixe secar ao sol ou no forno e bata no liquidificador.
- Cinzas da churrasqueira ou da lareira: o resíduo deixado por carvão ou lenha é rico em potássio, importante para o desenvolvimento vegetal. Antes de misturá-las ao substrato certifique-se que não há restos de gordura ou sal grosso.
- Chá e borra de café: o nitrogênio presente neles é fundamental para o crescimento das plantas. Ah, antes de usar retire o conteúdo do chá do saquinho, tá?
- Farinhas de ossos e de sangue: ricas em fósforo, podem ser encontradas em casas especializadas. Quem tem cachorro em casa é melhor evitar ou manter a horta longe deles, já que os pets ficam atraídos pelo cheiro.
Minha primeira horta em casa
Um bom começo é montar uma pequena horta com ervas e temperos. Mas isso não quer dizer que eles exijam os mesmos cuidados, certo? Cada um é mais suscetível a determinado tipo de praga ou doença, além de exigir podas e quantidade de água distintos. Em geral, o ideal é que sejam regadas a cada um ou dois dias, pela manhã e no fim da tarde. Cuidado com o excesso de água (ele pode apodrecer a raiz e matar a planta)! Por isso, vale lembrar que os vasos devem sempre ter furos na parte de baixo. A expert Carol Costa sugere que sua horta estreante seja dividida em três grupos:
- Hortelã. Naturalmente invasora (com raízes que se espalham entre outras espécies), deve ser cultivada sozinha. A vantagem é que ela é resistente e não necessita de tanta luz.
- Ervas mediterrâneas. Como o nome sugere, elas têm origem nessa região quente, seca e com solo calcário. Ou seja, precisam de sol forte, por bastante tempo, menos água e solo bem drenado (com terra misturada a um pouco de areia ou seixos, por exemplos). Alecrim, tomilho, sálvia e orégano entram nesse grupo.
- Ervas de folhas largas. Manjericão, salsinha, cebolinha e pés de pimenta estão entre elas. Precisam de mais água que as mediterrâneas e solo mais compactado (que, por sua vez, retém mais água).
E aí, animou? Então bora colocar a mão na terra!