Ser dona do próprio corpo e do próprio desejo são premissas importantes para se tornar uma mulher empoderada. Mas como conquistar essa autonomia se vira e mexe nossos corpos são tratados como objetos para a contemplação (ou repressão) alheia?
Com os seios quase sempre é assim: desde cedo, somos levadas a achar que eles são grandes ou pequenos demais, ou que devem ser escondidos ou evidenciados com um belo decote – a depender da ocasião e da intenção. E não é difícil deduzir que isso é algo basicamente cultural. Em povos indígenas e na Europa, onde a prática de topless não é reprimida, os mamilos femininos são, digamos, tratados com mais naturalidade.
A partir da reflexão sobre a objetificação do corpo feminino da fotógrafa Julia Rodrigues e da psicóloga Letícia Bahia surgiu, ano passado, a campanha #mamilolivre, para questionar a proibição do mamilo feminino dentro e fora do ambiente digital. Julia é autora do ensaio "Pode Não Pode", que joga luz sobre a (des) igualdade de gênero nessa questão. Olha só algumas imagens:
Já Letícia, que é autora do blog Reflexões de uma lagarta, publicou um texto articulando a discussão. "Minha vontade ou não de tirar a parte de cima do biquini é irrelevante. Não se discute direitos a partir do desejo do indivíduo de exercê-los, para só então validá-los. Você tem direito de ir e vir; se vai exercer esse direito ou se vai passar a vida enclausurado na frente da TV é problema seu", escreveu. Ela toca ainda em outro ponto importante: a repressão da amamentação em lugares públicos.
Em setembro do ano passado, a #mamilolivre espalhou cartazes lambe-lambe pela capital paulista com imagens de mamilos. Este ano, no site da campanha, é possível criar um mosaico com a imagem de um mamilo e postá-la no Facebook – a partir de 23 de novembro, vai rolar o chamado "mamilaço". Também é possível baixar modelos de lambe-lambe para replicar em outras cidades o que Julia e Letícia fizeram em São Paulo. Em outros países já existem iniciativas parecidas, como o Free the Nipple e o Tata Top.
Ficou interessada? Então dá uma olhada no manifesto #mamilolivre. Acredite: você não vai querer sair sem blusa por aí, mas provavelmente vai refletir sobre a objetificação do seio feminino.