Diferente da fralda de pano convencional e da fralda descartável, a fralda de pano moderna contribui para a preservação do meio ambiente, para o desenvolvimento do bebê e para o bolso dos pais. Sim, de primeira, você, mãe, e você, pai, vão pensar em como limpar, no trabalho que vai dar para lavar, na dificuldade que deve ser limpar o resultado de amamentação em livre demanda em uma fralda de pano - ou para quem já realizou a introdução alimentar do bebê, a combinação abóbora e carne. No entanto, não é tão aterrorizante quanto parece. A ideia principal da fralda de pano é unir conforto, durabilidade e, claro, modernidade, porque as fraldas de pano, dessa vez, vêm sendo desenvolvidas com design e estampas exclusivas para os bebês: feitas com botões ou velcro, seus fechos são práticos para os cuidadores, estão disponíveis em vários tamanhos (inclusive, em tamanho único), com tecidos internos atoalhados, absorventes infantis que podem ser colocados e retirados com praticidade e que podem ser reusados e, portanto, lavados mais de uma vez.
A partir do estudo minucioso dos vírus e das bactérias, entre o fim do século 19 e o início do 20, começou a acontecer o desenvolvimento tecnológico das fraldas. Se antes o modo como ela era feita dependia da região – há versões que registram peles de animais recheadas de musgo, pele de coelho recheada de capim e versões nas quais as fraldas feitas de tecidos não eram lavadas, mas secas em chaminés depois de serem usadas por dias seguidos, a descoberta sobre o impacto das bactérias e dos vírus sobre o organismo humano contribuiu para o modo como as fraldas, já de pano, deveriam ser higienizadas. Foi somente no pós-guerra, no entanto, que a tecnologia das fraldas evoluiu até a conhecermos como atualmente, descartável. A primeira fralda impermeável foi criada, claro, por uma mulher. Maria Donovan inventou, em 1950, uma fralda com cobertura plástica, a fim de que os bebês se molhassem com menos frequência. Passados quase dez anos, em 1959, Vic Mills investiu no desenvolvimento de uma nova fralda, reformulando o desenho de Donavan, já patenteado, a fim de oferecer conforto ao seu neto. Ele foi o criador da famosa (e mais cara) fralda descartável que pode ser encontrada em qualquer prateleira de mercado. De 1960 aos dias de hoje, a fralda descartável migrou de artigo de luxo, usada em ocasiões especiais, como viagem, e passando por uma série de reformulações (recheio de papel tissue para fibra de celulose, inclusão de elástico, por exemplo), para um artigo extremamente popular, adequado e classificado para a idade e o peso do bebê. Ainda assim, como todo bem de consumo produzido em larga escala e tendo em vista a carência de políticas públicas que considerem produção e consumo sustentável de produtos de longa decomposição, a fralda descartável é prejudicial para o meio ambiente.
A fralda de pano é a alternativa ecológica à fralda descartável, já que essa última leva em média 400 anos para se decompor no lixo – e um bebê (um bebê!) usa em média cinco mil fraldas descartáveis desde o nascimento até o desfralde. Alana Camara (BA), 28, explica sua escolha de usar fraldas de pano, mesmo ainda estando grávida da Malu: “Toda a questão da sustentabilidade (fiquei chocada com o tempo que as fraldas descartáveis demoram a se decompor no meio ambiente e a quantidade que um bebê usa até desfraldar) e também a economia em longo prazo, sem contar toda a parte de não ter química em contato com a pele do bebê, de ajudar a mãe a entender melhor o ritmo de evacuação dele e o fato de que elas são lindas e supertecnológicas - com tecidos feitos pra absorver bastante, deixar a pele respirar, não vazar. Os pontos pra mim são esses: benefícios pro meio ambiente, economia, mais saudável para o bebê e práticas de usar/lavar”.
O custo da fralda é um tema importante durante a gestação. A fralda de pano, assim como a descartável, pode ter um preço elevado. Mas apenas no início. Isso porque ela pode ser relavada, utilizada em mais de uma criança, e os absorventes têm vida útil – depois os pais podem adquirir apenas os absorventes. O custo da fralda descartável é alto. Encontra-se hoje, no mercado, dos mais variados tipos, formatos e tamanhos, pacotes que especificam para qual tamanho de bebê aquela fralda foi produzida, fraldas que encaixam como roupa, fraldas que precisam ser fechadas, para meninos, para meninas (sempre haverá a chance de criar mais demanda para seus filhos, não duvide disso), com desenhos animados estampados, produzidas em lote e completamente brancas. A princípio, os pais podem achar que vão gastar o equivalente em fraldas de pano e nas descartáveis. Porém, o custo muda rapidamente: em um mês de vida, os pais já estarão economizando e principalmente quando o aleitamento materno exclusivo acabou e quando a introdução alimentar foi estabelecida – o corpo do bebê também se adequa à rotina.
Escolha consciente e sustentável
Ananda Etges (RS), 27, mãe de Vítor, cinco, e Clara, três, conheceu as fraldas de pano por meio de blogs de maternidade e optou por adotá-las devido às severas alergias que a caçula desenvolvia na região da fralda descartável na época de calor. Segundo ela, em poucas semanas de uso, as fraldas de pano solucionaram o problema. “A motivação inicial foi pelas alergias, mas conhecendo melhor as fraldas de pano, a questão ambiental passou a pesar também. Conseguimos observar quanto lixo estávamos deixando de gerar e, por isso, nos mantivemos nas fraldas de pano mesmo depois que a alergia passou. Não é tão prática, mas considerando os benefícios ambientais e econômicos, vale a pena. É mais simples do que eu imaginava no início e, com o tempo, entra em uma rotina de cuidados, se encaixando na rotina da família.”
Para Michely Miguelote (SP), 41, mãe de Gustavo, 21, Beatriz, oito, e Luisa, cinco, à frente da Chiquita Bakana, empresa que produz fraldas de pano com design exclusivo, as fraldas de pano modernas não exigem mais trabalho dos pais, mas mais cuidado. “Muitos pais querem colocar uma fralda descartável e deixar o dia inteiro e isso não é incentivado nem mesmo pelos fabricantes de descartáveis. O ideal, em todas as trocas, seja de fraldas de pano, seja de fraldas descartáveis, é que elas ocorram a cada duas ou três horas durante o dia. Acredito que as pessoas estão ficando mais conscientes em relação aos filhos e também ao nosso planeta. Tenho sentido que muitos pais e mães, hoje, estão deixando de lado um trabalho corporativo que ganhe mais, para viver com renda menor, porém com mais tempo de qualidade com os filhos. As fraldas de pano proporcionam também esse maior contato.”
Aos pais que ainda acreditam que as fraldas de pano não valem a pena, Ananda sugere fazer contas, literalmente. “Eu recomendaria para ela calcular a quantidade de fraldas que o bebê vai usar em toda a sua vida. Isso em unidades e em custo, pois é um valor altíssimo. A conta impressiona e pode ajudar a considerar as fraldas de pano como uma opção. No período que usamos exclusivamente fralda de pano tivemos 18 fraldas. É um bom número inicial, mas exige organização para não ficar sem nenhuma limpa, especialmente no inverno, quando a roupa não seca tão rápido.” Segundo Michely, para um enxoval completo, o ideal é ter 30 fraldas de pano: “enxoval bom para uso completo (dia e noite), lavando as fraldas duas ou três vezes por semana, umas 30 fraldas para locais mais úmidos e 25 para locais mais quentes. Uma dica é começar usando durante o dia e quando tiver tempo de observar seu filho, pois a fralda de pano tem a vantagem de deixar as reações de frio/quente e molhado/seco mais evidentes e a criança passa a dar sinais, pedindo a troca.” Para quem está grávida, uma proposta é investir aos poucos nas fraldas de pano, como fez Alana. “Como tive tempo (resolvi que usaria logo nos primeiros meses de gravidez), fui comprando aos poucos, então, não foi aquele baque de montar um enxoval de uma vez só. Comprei fraldas tamanho RN. E modelos diversos das de tamanho único, para poder testar qual vai ser melhor para o biotipo de Malu. Comprarei o restante quando souber qual funcionará melhor para nós”.
Custo e benefício da fralda de pano
Se você acha que mudar da fralda descartável para a fralda de pano é um desafio e exige muito do pai e da mãe, imagina para Camila Marinho (SP), 25, mãe de Enzo, de sete meses. Deficiente visual, encarou o desafio por acreditar que as fraldas de pano modernas são sustentáveis. “Não enxergo nada de ambos os olhos. Uma vez ouvi uma reportagem no Youtube, fiquei bastante interessada, mas por não enxergar nem imaginava como poderiam ser estas fraldas. A textura, o formato dos absorventes, enfim. Eu sou muito preocupada com o meio ambiente e não me conformava com aquele monte de pacotes de fraldas descartáveis a espera de meu bebê - que depois seriam descartadas no meio ambiente. Entrei em um grupo de fraldas ecológicas, para descobrir se haveria alguma loja física na capital de São Paulo que me permitisse tocá-las, senti-las, aprender como regulá-las. Então descobri a Morada da Floresta. Fui lá, conheci, já saí de lá com dez fraldas, outro tanto de absorventes e capas antivazamento - e bebê no sling. Aprendi a usar, a regular, a lavar e depois fui experimentando outras marcas, agora que já tinha a base. Hoje não troco as fraldas de pano por nem um outro tipo de fraldas descartáveis. São boas, com ótima durabilidade, conservam o meio ambiente e com isso o futuro da minha e de outras milhares de crianças. E o principal: traz conforto para o bumbum do meu bebê.”
A preocupação com o descarte sustentável é o principal para Cinthia Sento Sé (BA), 39, mãe de Clara, dois anos e meio, mestre em Desenvolvimento e Gestão Social, por meio de uma tese que analisou o descarte de sólidos em pequenos municípios. Já sabendo do impacto dos descartáveis na natureza, optou pelas fraldas de pano pela preocupação com o meio ambiente e também pelo custo, já que é mais econômico. “Resolvemos usar as fraldas de pano pela questão de não gerar mais lixo para o planeta. As fraldas descartáveis estão gerando um problema que, para nós, hoje, significa pensar ‘vamos continuar fazendo porque não tem jeito’, o que é uma desculpa; mas estamos deixando um grande problema para as futuras gerações”, explica. Ela é objetiva: "não é prático quanto as fraldas descartáveis. Eu usei doze fraldas descartáveis na minha filha durante a noite em um período em que meu esposo viajou, foi a primeira vez que fiquei sozinha com ela. É claro que a descartável é mais prática: você coloca na criança, ela faz xixi, a fralda enche, a criança fica seca, você tira e joga no lixo. Mas a gente resolveu bancar esse posicionamento de vida: tem que gerenciar o tempo, quais fraldas estão secas, a lavagem. Eu não sofri com a fralda de pano. Nós fizemos a escolha e nos adaptamos."
O trabalho, para Cinthia, é se acostumar com um volume maior de roupa e se acostumar com o gerenciamento das fraldas que, assim como salientou Ananda, entram na rotina de lavagem da casa. Outra dica de Cinthia é conhecer os modelos de fraldas disponíveis no mercado e usar um de cada no bebê, não só para saber com qual ele vai se adaptar melhor, mas com qual o cuidador, o pai e a mãe terão mais facilidade de manuseio. A preocupação com o meio ambiente é também o principal para Atílio Baroni Filho (BA), 33, esposo de Cinthia e pai da Clara. “Nós descobrimos a fralda de pano pesquisando e já tínhamos como convicção que a fralda descartável não seria uma opção. A questão da praticidade é muito relativa, porque é uma questão de terceirizar o custo para o ambiente e é muito utilizada em relação ao uso dos descartáveis, só que ela esconde e deixa nublado que usar descartável é transferir a responsabilidade para as próximas gerações.” Para ele, a dica é criar uma rotina de acordo com o tempo que você tiver. Por exemplo, enquanto parte das fraldas fica de molho, parte fica quarando; lavar a fralda de fezes assim que a fralda foi trocada ou deixar de molho varia de acordo com a adaptação de rotina. No dia a dia dos pais da pequena Clara, a combinação foi usar as fraldas de pano tradicionais e as modernas. Segundo Atílio, no início, devido ao fato da troca de fralda ser muito constante, usar as tradicionais foi o melhor. Com o tempo e a rotina da Clara mais estabelecida, eles passaram a usar as modernas.
O preço da fralda de pano moderna varia de loja para loja - e de revendedora para revendedora. Gabriela Rezende, que revende marcas brasileiras na loja Mamãe do Bê, explica que o custo da unidade varia de R$ 36 a R$ 45. Na loja Chiquita Bakana, da Michely Miguelote, qualquer fralda custa R$ 37, independentemente do tamanho, já com absorvente. O absorvente avulso custa R$ 10. Na Nós e o Davi, da Laís de Oliveira, qualquer fralda custa R$ 45, já com um absorvente - adicionais custam de R$ 8 a R$ 13.
Contribuição para o desfralde
À frente de Nós e o Davi, Laís de Oliveira (SC), 25, mãe do Davi, de três anos e meio, buscou ainda grávida alternativas econômicas para o cuidado do bebê, mesmo período em que optou por empreender por não se ver em uma rotina de 44 horas semanais de trabalho sendo mãe solo. Depois de uma amiga apresentar as fraldas de pano e ela se adaptar bem com o uso, passou a divulgar entre suas amigas e se tornou, como ela mesmo diz "uma vendedora ambulante da ideia da fralda de pano". Sua mãe e sua tia já eram sócias em uma confecção de moda feminina, o que facilitou o passo seguinte, de empreender com fraldas de pano com o propósito simples de ter uma renda extra e estar perto do Davi. Do começo da loja, em 2013, até atualmente, a venda aumentou em dez vezes. "No início, vendíamos, em média, 150 fraldas por mês. Hoje, vendemos em média 1500. Meu objetivo não era ficar tão grande, mas quanto mais eu me envolvia, melhor a loja caminhava. Hoje, minha mãe é minha sócia, temos uma equipe e a Nós e o Davi ajuda pessoas. Isso é muito bom". Para ela, o mais importante de usar fraldas de pano é o custo econômico para os pais.
Gabriela Rezende (PE), 30, mãe do João Pedro, 13, do Bernardo, de um ano e quatro meses, e do Gabriel, um mês, experimentou as fraldas da Nós e o Davi. “Quando meu filho Bernardo tinha sete meses, uma amiga apresentou a novidade em um grupo de mães de Manaus (minha cidade natal) e comprei três da Nós e Davi para testar. O início não foi fácil até porque as informações não foram suficientes para entender todos os procedimentos necessários e acabei usando muito pouco. Depois de quase três meses, resolvi pesquisar melhor sobre o uso das fraldas porque eu iria ficar desempregada e estava grávida novamente. Foi no momento da necessidade de economizar que surgiu a paixão pelas fraldas. Começamos timidamente a usar e hoje já faz parte da nossa rotina o uso, as lavagens e todos os cuidados nos quais toda a família colabora. A necessidade trouxe uma paixão e um ganha pão. Tenho um e-commerce de produtos para bebê, Mamãe do Bê, e lá revendo as fraldas brasileiras feitas pelas mães empreendedoras.” Para Gabriela, as fraldas de pano não necessitam de tanta dedicação. “É só tirar o excesso de xixi e colocar na máquina com um pouco de sabão, vinagre e bicarbonato, colocar no varal e pronto. Aqui em casa temos 20 fraldas e 30 absorventes que atendem três dias de uso do meu filho de um ano e três meses. As fraldas que sujam de fezes tiramos o excesso na ducha e já lavamos na hora do banho do bebê. As de xixi, acumulo em um balde para serem lavadas juntas. Não vejo como um trabalho dispendioso e já está inserido na nossa rotina. Já que eu ou meu marido colocamos as roupas na máquina de lavar, não custa nada colocar as fraldas, né ?”, comenta. Para as mães que ainda não conhecem, Gabriela conta que o mundo das fraldas de pano modernas é encantador por causa da variedade de estampas e tipos de fraldas e, além disso, as mães ainda ajudam o meio ambiente, economizam a longo prazo e protegem o bebê de possíveis alergias resultantes dos componentes químicos das fraldas descartáveis.
Outro benefício das fraldas de pano é a contribuição para o desfralde. Isso porque a fralda descartável absorve o líquido e deixa o bebê seco, ou seja, ele não sabe qual é a sensação de estar molhado. No caso da fralda de pano, ela contém, mas não absorve completamente, de modo que o bebê, com o tempo, passa a demonstrar sinais de que precisa ser trocado – o que não inviabiliza o fato de que a fralda deve ser trocada em média a cada três horas, exceto se o bebê defecou. “A criança quando chega próximo aos dois anos já fica incomodada com a sensação de seco/molhado e começam a pedir para tirar a fralda, ou até tira sozinha. Isso contribui para um desfralde mais rápido, pois as fraldas descartáveis não deixam a criança ter essa sensação. Não é difícil ver crianças com quatro ou cinco anos ainda usando fralda noturna.” É o que também acha Nielle Diniz Ribas (SP), 32, mãe de Bernardo, de dois anos e três meses. “Quando o bebê faz xixi na fralda de pano, sente a umidade e vai desenvolvendo uma lógica de ação e consequência ao perceber que o ato de urinar o deixa úmido. O mesmo acontece com as fezes. Com isso em mente, ele logo pede para desfraldar. O meu desfraldou pouco antes dos dois anos, por exemplo. Esses feedbacks são para os pais também. As fraldas descartáveis nos deixam alienadas do funcionamento do corpo dos nossos filhos. Tem pais que ficam sem trocar o bebê por mais de quatro, seis horas. O bebê está com a sensação seca que a fralda descartável proporciona, mas aquele monte de líquido que ele ejetou ainda está lá. Com fraldas de pano, a gente fica mais consciente dos horários dos nossos filhos”, finaliza.
Atualizado em 20 de julho de 2016.
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