Quando se fala em enurese infantil, o recorte que se deve pensar é para crianças que ainda urinam na cama que já passaram pela transição das fraldas e que estão com cerca de seis anos,idade em que se considera ir ao banheiro sozinho uma atividade mais controlável.
Se você tem dúvidas de que isso pode estar acontecendo com seu filho, é importante procurar um diagnóstico pediátrico para encontrar os melhores tratamentos. Saiba, porém, que o diagnóstico de enurese é estabelecido quando a criança faz xixi sem ser em ambiente e lugar adequado pelo menos duas vezes na semana durante um mínimo de três meses (e ainda que a frequência seja menor, o fato em si traz sofrimento significativo na vida da criança). Como já mencionado, a criança deve ter atingido a idade em que se enquadra na categoria de incontinência, isto é, seis anos de idade ou ter um nível equivalente e desenvolvimento. É importante que na busca por soluções o médico descarte qualquer tipo de doença.
Na enurese noturna primária, a criança nunca atingiu o controle voluntário de micção durante o sono, enquanto que na enurese noturna secundária a incontinência acontece após um período de continência urinária estabelecida. Além disso, a enurese é classificada de acordo com sua apresentação. Ela pode ser diurna, quando acontece durante o dia; e noturna, que acontece enquanto a criança está dormindo (mais comum, equivale a 75% dos casos).
Fatores de sucesso para o tratamento de enurese
- Idade adequada – mais de cinco anos em meninas e mais de seis em meninos.
- Não molhar a cama todos os dias.
- Motivação da criança para mudar a situação.
- Pais motivados a mudar, não autoritários e que não pressionem a criança.
- Boa atmosfera familiar.
- Boa adaptação da criança ao seu ambiente (escola e amigos).
Fatores que dificultam o tratamento da enurese infantil
- Quando a criança se mostra despreocupada ou não envolvida na questão.
- Idade inadequada – inferior aos seis anos.
- Episódios diários, ou seja, molhar a cama todas as noites.
- Ambiente estressante.
- Problemas de adaptação emocional da criança (dificuldade no desempenho escolar, problemas de relacionamento com colegas, conflitos frequentes em casa).
- Criança ser tratada com estratégias inadequadas para resolver a questão.
Causas da enurese infantil
Fatores maturacionais: maturação tardia das estruturas orgânicas e do sistema nervoso que sustentam a aprendizagem.
Fatores genéticos: fatores fisiológicos e maturação são influenciados pela genética. Diferentes estudos apontam que existe uma predisposição hereditária para a enurese. O risco de uma criança ter enurese é de 43% caso um dos pais tenha tido e de 77% caso os dois. A possibilidade cai para 15% quando nenhum os pais tiveram.
Fatores de aprendizagem: a enurese é resultado de a criança não ter aprendido a controlar o fluxo direto, sem retenção (isto é, esvaziar a bexiga quando a sente cheia). Ao se iniciar esse processo, o reflexo é inibido pela maturação do sistema nervoso central e então a criança adquire o controle. Tudo isso por se relacionar com influências inadequadas que interferem na aprendizagem, como ambiente familiar estressante.
Fatores psicológicos: na enurese secundária se demonstra a existências de fatores psicológicos como origem do problema.
Anormalidades no sono: com frequência se sugere que as anomalias do sono estão relacionadas à enurese. Muitos pais supõem que a enurese acontece porque a criança dorme profundamente e muito mais que o normal e costumam relatar a dificuldade de acordar acriança para urinar à noite. No entanto, os estudos nesse campo são pouco consistentes.
Como ajudar seu filho?
Garanta um ambiente relaxado, calmo e carinhoso. Não tente controlar o período da noite até que o diurno se mostre satisfatório. Não pressione seu filho ou verbalize negativamente as falhas dele. Lembre-se que cada criança tem seu próprio ritmo. Confie no desenvolvimento da criança, incentive-o de forma positiva e nunca exija que ele consiga. Uma vez que você tenha iniciado o tratamento, você não deve recorrer à fralda frente a um novo acontecimento. Uma maior autonomia para a criança pode ser atingida com bons hábitos de higiene pessoal que permitam que ela automatize o hábito. Os pais devem se mostrar sempre pacientes e perseverantes, seguindo um passo de cada vez com senso de humor.
Não é aconselhado
Castigos: tudo que tiver a ver com expor a criança, xingar, bater ou ameaçá-la está proibido.Esses comportamentos só a deixa mais nervosa e mais propensa a permitir vazamentos.
Permissividade: assumir que é a criança que precisa fazer xixi e se libertar de qualquer responsabilidade não ajuda a resolver a situação. A abordagem mais conveniente é compreender as dificuldades da criança com uma mensagem de que a situação será solucionada seguindo alguns passos (em fases posteriores aos seis anos).
Muita exigência: é importante valorizar os pequenos com elogios mediante o esforço deles,assim como quando eles alcançarem avanços no processo.
Acordar a criança à noite: além de desconfortável, é inútil. Ao levantar a criança à noite para fazer xixi, não damos a ela oportunidade de associar sinais internos que causam a vontade de urinar e o sentimento que esses sinais criam. Talvez você até economize a limpeza de um lençol, mas não vai ajudar no processo de aprendizagem.
Restrição de líquidos: reduzir a ingestão de líquidos antes de dormir não é uma boa solução para resolver a enurese, pois isso só vai privar a criança de sentir uma série de sensações e mecanismos que são necessários para atingir o controle total dos esfíncteres.
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