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Meu filho sofre bullying, e agora!?

by Ana Paula Sanches ,
Meu filho sofre bullying, e agora!?© iStock

Especialistas ajudam você a identificar os sinais do bullying e enfrentar o problema da melhor forma junto ao seu filho

Summary
  1. · Ajudando uma criança que sofre bullying
  2. · As consequências do bullying
  3. · Pais x bullying: como lidar com essa realidade?
  4. · Acho que meu filho pratica bullying com os colegas. O que devo fazer?
  5. · Relembre alguns casos famosos de bullying:

Silencioso, prejudicial, doloroso: o bullying, prática que se caracteriza por agressões físicas e/ou psicológicas entre crianças, tem sido cada vez mais comum nas escolas brasileiras. Segundo dados da última Pesquisa Nacional de Saúde Escola (PeNSE), cerca de 30% dos estudantes brasileiros já sofreram ou praticaram bullying com seus colegas, número que, por si só, demonstra a gravidade do problema. Mas, afinal, como a família deve proceder para identificar e ajudar o jovem a superar essa dificuldade?

Em primeiro lugar, é essencial ter sensibilidade para identificar mudanças no comportamento do seu filho: estima-se que 90% das crianças não contam aos pais que estão sofrendo bullying na escola por sentirem vergonha, medo de os adultos piorarem a situação ou até mesmo por já terem presenciado omissões familiares perante embates parecidos. Sendo assim, o melhor a se fazer é observar: “Os pais devem ficar atentos quando a criança não quer mais ir ao colégio, começar a ficar triste ou com comportamento agressivo, isola-se, destrói objetos pessoais ou desenvolve sintomas físicos frequentes, como dores de cabeça e de barriga”, explica a psicopedagoga Ana Paula Cavaggioni, da Clia Psicologia e Educação (SP).

A facilidade em perceber a angústia dos filhos depende, ainda, do sexo da criança, como explica a psicóloga Gláucia Faria da Silva, coordenadora do serviço de psicologia do Hospital Infantil Sabará: “Meninas que ainda não chegaram a adolescência costumam ser mais abertas a falar, enquanto os meninos, sobretudo os mais velhos, geralmente sentem vergonha porque consideram que conversar sobre o assunto seria como admitir uma ‘fragilidade”.

Ajudando uma criança que sofre bullying

Seu filho está envolvido com bullying na escola? As psicólogas dão dicas para que você possa ajudá-lo da melhor forma:

- Converse com a criança e a instituição de ensino
O diálogo é imprescindível para tratar a questão. ”Abra um espaço de acolhimento, livre de críticas ou julgamentos, onde seu filho se sinta à vontade para falar o que está acontecendo. Se mesmo assim ele não conseguir, vá à escola, fale de sua suspeita, verifique com outras mães e fique atenta às conversas das outras crianças. Seja como você descobrir, o importante é que você garanta que vai ajudar a criança a resolver essa situação, além de reforçar o quanto a ama”, aconselha Ana Paula.

- Mudar de escola nem sempre é a solução ideal
Muitos pais se desesperam com o bullying e acreditam que mudar a criança de colégio é a solução, mas, nem sempre isso é o ideal: mais uma vez, essa é uma decisão que exigirá uma conversa franca entre você e seu filho. “Muitas vezes a criança que é vítima de bullying numa escola pode sofrer do mesmo mal em outra. Por isso, os pais devem fazer contato com a coordenação da instituição imediatamente após desconfiar do ocorrido, e em conjunto com ela, pensar e acompanhar a implementação de estratégias que garantam a segurança e o bem-estar do seu filho. Mudar de escola é uma opção quando a instituição não se mobilizar para resolver a questão ou quando a criança realmente não tiver mais condições de frequentá-la”, explica Ana Paula. “Conversar, entender, pensar e decidir juntos é fundamental. Tirar o aluno da instituição de ensino seria a última opção, válida somente após se tentar todos os tipos de conversa”, completa a psicóloga Gláucia.

- Não menospreze as situações vividas pela criança
Em muitas situações o bullying poderia ser combatido logo que começa a aparecer, porém por vezes os pais não prestam atenção aos relatos dos seus filhos ou menosprezam situações, dizendo coisas do tipo “é besteira” ou “isso não é nada, vai passar”. Alguns, ainda, incitam a violência e estimulam seus filhos a devolverem as agressões. Todas essas situações são exemplos do que NÃO se deve dizer a uma criança que está sofrendo bullying. Compreenda o universo do seu filho e tente entender o realidade em que ele vive.

Lembre-se também que não importa se o seu filho sofre ou pratica o bullying, o fato é que ele precisa de ajuda psicológica. “O bullying ocorre quando crianças tentam se afirmar perante as outras, por isso tanto o ‘valentão’ quanto a vítima precisam encontrar novos caminhos para conseguirem se auto afirmar, o que se consegue por meio de auxílio médico e familiar”, afirma Gláucia.

As consequências do bullying

Quando não tratado corretamente, o bullying pode acarretar em sérios problemas no desenvolvimento psicológico e emocional do jovem, como transtornos psicossomáticos, de personalidade, depressão, desânimo, falta de confiança e autoestima, retraimento no desenvolvimento de potencialidades e, em casos extremos, até mesmo o suicídio.

Pais x bullying: como lidar com essa realidade?

Quando os pais descobrem que seus filhos sofrem bullying, é comum que se sintam impotentes perante a situação, angustiados e até mesmo com raiva. No entanto, é essencial que ambos se acalmem e organizem seus pensamentos antes de tomar qualquer atitude. “Esses sentimentos precisam ser digeridos antes de decidir o que será feito dali em diante. Uma realidade como esta se constrói em um longo período e levará bastante tempo para as coisas se reorganizarem”, explica Gláucia.


Depois disso será hora de questionar várias outras faces do cotidiano familiar, como a relação com seu filho, o modo como a sua família trata das diferenças sociais, étnicas e afins, se a escola realmente segue a linha de ensino que você quer transmitir à criança e, assim, chegar à conclusão sobre o que precisa ser mudado na interação em casa. “Aprender e crescer com o que quer que nos enfrentamos na vida é sempre o maior desafio”, conclui a psicóloga.

Acho que meu filho pratica bullying com os colegas. O que devo fazer?

Alguns sinais demonstram que seu filho pode estar praticando bullying, mas, atenção: não tire conclusões precipitadas. Caso você desconfie do comportamento dele, entre em contato com o colégio e observe atentamente suas atitudes. “Desprezo e preconceito acentuados frente a qualquer assunto podem ser um sinal vermelho e merecem a atenção dos pais”, diz Gláucia. Ana Paula completa: “Sarcasmo, críticas, atitudes desafiadoras e porte de objetos e dinheiro que não são seus também são características comuns em agressores”.

Tão difícil quanto ajudar uma criança que sofre bullying é fazer o mesmo com um jovem que o pratica, mas ambos os casos merecem atenção e compreensão. “Ambas as situações são muito tristes e precisam ser tratadas sem julgamentos, afinal demonstram que os dois indivíduos precisam de cuidados psicológicos especiais para não terem seu desenvolvimento afetado”, afirma Ana Paula.

Relembre alguns casos famosos de bullying:

• Durante toda a infância, a cantora e atriz Demi Lovato sofreu bullying no colégio onde estudava e era chamada de feia e gorda. As agressões fizeram com que ela desenvolvesse transtornos alimentares, como a bulimia, e passasse a se automutilar. Após um período internada, a jovem de 22 anos atualmente passa bem.

• Em 2010, um aluno da 7ª série de um colégio de Belo Horizonte (MG), foi condenado a indenizar no valor de R$ 8 mil uma colega de classe. A garota era chamada de feia e eram feitas insinuações sobre a sua sexualidade.

• Também em 2010, a atriz Barbara Evans, filha de Monique Evans, entrou na justiça contra alunos da Universidade Anhembi Morumbi, onde estudava, devido a uma pichação no muro do estacionamento do campus onde constavam ofensas a ela e sua mãe.

• Em 2014, o jovem Joshua Davis, portador de uma forma funcional de autismo, ficou paraplégico após sofrer uma queda de 15 metros enquanto fugia de seus perseguidores.


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Ana Paula Sanches
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