Um dos lançamentos da Netflix de fevereiro, a série American Crime Story: o povo contra O. J. Simpson reconstitui em dez episódios um dos crimes mais controversos da história dos Estados Unidos: o assassinato de Nicole Brown, ex-mulher do astro do futebol americano Orenthal James Simpson, e do amigo dela, Ronald Goldman, em 1994. Várias provas levaram a crer que os dois foram mortos a facadas por O. J.. O julgamento do caso, que durou mais de um ano (!), foi um verdadeiro espetáculo de mídia, com direito a transmissão ao vivo e enorme comoção nacional. Cerca de 20 milhões de pessoas assistiram ao "julgamento do século" pela TV – na hora do veredicto, boa parte dos americanos diz se lembrar onde estava até hoje, coisa que só costuma acontecer em momentos realmente marcantes.
Na série são mostradas, em detalhes, as perspectivas de três grupos centrais: a acusação (representada pelos promotores Marcia Clark e Christopher Darden), O. J. e sua defesa (chamada de "Dream Team", por contar com advogados de peso) e o júri, formado por dez mulheres e dois homens, sendo nove negros.
Para quem adora tramas criminais, é fácil, fácil devorar essa numa tacada só!
Ainda não se convenceu? Então dá uma olhada nesses motivos para assistir a American Crime Story: o povo contra O.J. Simpson.
1. Sem sofrência = temporada única
Nada de esperar meses ou mesmo anos até a próxima temporada: assim como outro sucesso, Making a Murderer, o caso real envolvendo o ex-jogador é contado em dez episódios. A parte ruim é que sobram spoilers quando se trata de crimes famosos: se não quiser saber o veredicto antes do fim da série, resista à tentação de dar um Google em "O.J. Simpson".
2. Prêmios e mais prêmios
A série foi reconhecida nas premiações mais importantes: foram nove Emmys (entre eles o de melhor minissérie, melhor ator em minissérie, para Courtney B. Vance, melhor atriz em minissérie, para Sarah Paulson) e dois globos de ouro (melhor filme para TV ou série limitada e melhor atriz, para Sarah Paulson), sem falar no TCA e no Critics' Choice Awards.
3. Sarah Paulson ♥
Premiadíssima, a atriz arrasa no papel da promotora Marcia Clark. Certa da culpa de O.J., ela luta pela condenação do jogador, enquanto sua vida pessoal gira em torno de um processo de divórcio no qual o ex-marido quer a guarda dos dois filhos. Até o fim do julgamento ela se depara com as situações mais inacreditáveis (e reais!): da fuga de O. J. apontando uma arma para a própria cabeça a um áudio que mostra uma das testemunhas da acusação ofendendo a mulher do juiz, Lance Ito. Depois do caso, ela se tornou autora de livros (inclusive sobre o caso) e consultora jurídica na TV.
4. Sexismo e violência doméstica
Embora haja outros documentários e programas sobre o caso (sem contar os livros, muitos escritos pelos envolvidos), em American Crime Story: o povo contra O.J. Simpson é jogada luz sobre duas questões da luta feminina, o machismo e a violência doméstica. É surreal ver as situações que Marcia passa simplesmente por ser mulher: a mídia falava sobre seu corte de cabelo e chegou a publicar fotos dela nua. Em uma das cenas, ela vai comprar absorventes e o caixa do supermercado diz que a "defesa teria uma semana difícil". Oi?
Já as graves agressões sofridas (e denunciadas) por Nicole quando era casada com O.J. parecem não ter tido apelo diante diante do júri nem da polícia de Los Angeles. Como se infelizmente não fosse comum a violência doméstica culminar em assassinato...
5. O papel do racismo
É bem maluco ver como a questão da raça foi usada na condução do caso, incluindo a escolha do júri, dos advogados, entre eles Johnnie Cochran, e mesmo de um dos promotores, Christopher Darden, ambos negros. A repressão da comunidade negra pela polícia de Los Angeles e a diferença de opinião entre brancos e negros em todo o país acabaram servindo de munição para a defesa, que insistia que as provas tinham sido plantadas para incriminar O. J. porque ele era negro.
6. O John Travolta esquisitão
Um dos atores mais queridos (e esquisitos) de Hollywood, John Travolta vive o advogado Robert Shapiro e também é um dos produtores da série. O jeitão excêntrico parece confundir personagem real, que chegou a defender outros atletas e celebridades, e o ator de Pulp Fiction e Hairspray. A atuação de Travolta rendeu indicações ao Emmy e ao Globo de Ouro, mas ele acabou não levando nenhum dos dois prêmios.
7. O circo da mídia
Na época, o burburinho em torno do caso encobriu eventos importantes. No dia da primeira partida da Copa do Mundo de 1994, que aconteceu nos Estados Unidos, e da disputa das finais da NBA por Knicks e Rockets, o público parou para ver a fuga de O. J. em uma van no dia seguinte ao crime. O julgamento, que durou quase um ano, foi televisionado, enquanto programas de variedades e revistas de fofoca abordavam o assunto à exaustão.
8. A direção de arte
Das mansões em Los Angeles às gravatas multicoloridas usadas nos anos 90: os cenários e figurinos da série são reproduzidos de forma impecável. Nas casas, o exagero dos anos 80 parece ter dado lugar a algo mais clean e sofisticado, ainda que suntuoso, e nas roupas reinavam tons mais neutros (com exceção das gravatas com pegada meio tropical, meio divertida). Quem lembra dessa época vai se identificar...
9. Os Kardashian antes da fama
Robert Kardashian (vivido David Schwimmer, o eterno Ross, de Friends), era amigo de O. J. e um advogado desconhecido até ser convocado para o Dream Team.
Sua ex-mulher, Kris Jenner (ela mesma), era íntima de Nicole e desde o início não acredita na inocência do acusado, o que acaba gerando discussões entre os dois. Mais tarde, Robert admitiria que também teve dúvidas quanto à inocência do ex-amigo – a série mostra os conflitos internos que ele parece viver; depois do julgamento eles pararam de se falar. Robert morreu de câncer em 2003. Em um dos episódios, ela leva os filhos – Kim, Khloe, Kourtney e Rob – para almoçar em um restaurante e eles conversam sobre a fama. Sacada, hein?
Para dar um relax...
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