A dona do sorriso mais enigmático e famoso do mundo é mais uma vez alvo de atenções. Dessa vez, a Mona Lisa (La Gioconda, em italiano), eternizada por Leonardo da Vinci, sofreria de uma doença, que inclusive teria inspirado a atmosfera sombria do quadro. A pintura, de 1503, é envolta em enigmas e interpretações principalmente depois de ter sido roubada, há quase um século. Desde então, é considerada a obra de arte mais famosa do mundo (além de ser objeto de estudo, curiosidade e teorias sem sentido). As que a gente escolheu são verdadeiras, tá?
1. Ela teria uma doença sexualmente transmissível, provavelmente sífilis
Levantada pelo crítico de arte do jornal britânico The Guardian, Jonathan Jones, a possibilidade se baseia em registros de que Lisa Gherardini teria comprado água de caracol, uma mistura do bicho triturado com água e ervas (eca!). Intrigado, Jones foi investigar na literatura médica os efeitos do "remedinho" e concluiu que era usado para tratar de doenças sexualmente transmissíveis até bem mais tarde, no século 18.
Quando Lisa posou para o mestre, em 1503, a Europa passava por um surto de sífilis, por isso, segundo a teoria de Jones, essa seria a doença mais provável. Duas ressalvas: a aquisição da mistura teria sido feita uma década depois de Leonardo da Vinci pintar o quadro, em um convento florentino, e não significa que tenha sido usada pela própria Lisa.
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2. Sua identidade foi descoberta há menos de dez anos
Amante de da Vinci, uma mulher morta cujos olhos não foram fechados, a versão feminina imaginária do autor e até mesmo a mãe dele... são inúmeras as teorias sobre a verdade identidade da Mona Lisa. Mas só em 2008 o mistério foi solucionado por cientistas da Universidade de Heidelberg, na Alemanha. Desde então, a hipótese mais aceita é a de que se trata de Lisa Gherardini (ou Lisa del Gioncondo, por ser esposa do rico mercador florentino Francesco del Giocondo).
Quem levantou essa bola foi Giorgio de Vasari (1511-1574), que escreveu um catálogo no qual relacionava a pintura a Lisa. No entanto, seus registros eram considerados pouco confiáveis, entre outros motivos por terem sidos publicados quase 50 anos depois da conclusão do quadro. No entanto, a hipótese foi confirmada pelo especialista em manuscritos da universidade alemã Armin Schlechter, que cruzou a informação com uma nota mais precisa, de Agostino Vespuci, funcionário de chancelaria florentino.
Em outubro de 1503, Vespuci escreveu em um registro de incunábulos, espécie de jornal rudimentar, que da Vinci trabalhava naquele momento em um retrato de Lisa del Giocondo. Na página do site do Louvre que cataloga Mona Lisa há até um complemento no nome do quadro: retrato de Lisa Gherardini, esposa de Francesco del Giocondo.
3. Pablo Picasso foi interrogado por sua causa
Quando Mona Lisa foi roubada do Museu do Louvre, em 1911, o bafafá foi geral: a imprensa só falava nisso e a imagem começou a ser estampada em postais, anúncios e até caixas de chocolate, segundo a BBC. Aliás, a fama de "quadro mais famoso do mundo" veio desse episódio (antes disso, a obra não tinha nem de longe o status que tem hoje).
Foram dois anos de sumiço e, durante as investigações, o pintor espanhol Pablo Picasso e seu amigo, o escritor Guillaume Apollinaire, que chegou a ser preso, estavam entre os suspeitos. Em 1913, o "roubo do século" finalmente foi desvendado: o ladrão era o italiano Vincenzo Peruggia, ex-funcionário do Louvre. O quadro foi recuperado quando ele o entregava a um vendedor de antiguidades em Florença, na Itália.
4. A pintura já decorou o quarto de Napoleão Bonaparte
Embora a discussão de que Mona Lisa deveria estar na Itália, e não em Paris, seja frequente, o fato é que ela foi vendida pelo próprio autor por uma boa quantia para o rei francês Francisco I. Pouco depois de concluir o quadro, da Vinci trabalhou na corte do monarca e morreria pouco tempo depois, sem regressar à Itália. Antes de ir para o Louvre, pós-Revolução Francesa, a pintura já "morou" no Palácio de Versailles e decorou os aposentos de Napoleão Bonaparte.
5. O quadro está onde está desde 2005
Foram gastos cerca de 16 milhões de reais em quatro anos para construir uma sala especialmente para Mona Lisa, com certeza a mais fotografada do Louvre desde a inauguração, em abril de 2005. Até então ela estava exposta no setor de Pinturas Italianas, ao lado de outras obras, e suas nuances eram afetadas pelo tom escuro do espaço. Hoje, a pintura mais famosa do mundo tem total destaque na nova sala, que permite melhor entrada de luz natural e tem iluminação especial. O vidro inquebrável que a envolve impede reflexos e protege de mudanças de temperatura e luzes de flash.
6. Mona Lisa não é o quadro mais caro do mundo
Por estar fora de mercado e ter preço incalculável, Mona Lisa não é a pintura mais valiosa do mundo, como dizem por aí. Vendida em 2015 por R$ 835 milhões, Nafea Faa Ipoipo (Quando você vai se casar?, em tradução livre), do pintor francês Paul Gauguin, por enquanto, é dona do posto. O comprador não foi confirmado, mas parece que a obra foi arrematada por um museu do Catar, no Oriente Médio. Em 2014, a imprensa francesa chegou a noticiar que o governo estudava vender Mona Lisa para pagar dívidas. O valor? Segundo especialistas em arte, algo em torno de 2,5 bilhões de dólares!
Fica mais um pouco...
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