Existem lugares no mundo envoltos em uma atmosfera mágica e que parecem estar presos a outro tempo. Ok, não são poucos. Mas imagine que se trata de um imenso complexo de templos em ruínas e escurecidos pelo tempo – imersos na floresta, alguns acabaram sendo "invadidos" pelas raízes das árvores, formando um conjunto estranhamente harmônico. Assim é Angkor (que significa "cidade"), na província de Siem Reap, no Camboja. Um dos sítios arqueológicos mais importantes do mundo, a área de 400 km² é considerada Patrimônio Mundial pela Unesco desde 1992.
Siem Reap: informações básicas
Por ser a base para visitar o parque (a cerca de 15 minutos de tuk-tuk), a cidade de Siem Reap é um dos destinos mais procurados do Sudeste Asiático e recebe, anualmente, cerca de 2 milhões de turistas. Portanto, não espere um passeio exclusivo: embora seja possível viajar em épocas menos lotadas e encontrar templos tranquilos, é comum que suas fotos saiam com figurantes do mundo todo. Há um aeroporto na cidade, com voos diretos de menos de duas horas a partir de Bangkok, o principal hub do Sudeste Asiático. É preciso ter visto para entrar no país, mas é muito tranquilo tirar: chegando no aeroporto, basta seguir as indicações da fila e pagar 30 dólares. Vale por 30 dias.
A grande procura também faz com que o destino ofereça boa infra para turistas, com hostels a US$ 7 a diária a hotéis de redes internacionais, como o Sofitel. À noite, quase todo mundo ruma para a Pub Street, com bares que vendem chope a US$ 0,50 e refeições típicas e ocidentais.
Como a maioria das cidades turísticas da Ásia, também há um Central Market, com temperos, frutas exóticas e souvenires. A regra, como sempre, é pechinchar. O povo cambojano é gentil e fala inglês melhor que a média dos países da região. Embora alguns pontos da cidade fiquem sem iluminação pública à noite (a luz vem dos estabelecimentos), Siem Reap é segura. Pequenos golpes podem ser aplicados dentro de Angkor, como quando um suposto "guia" se oferece para tirar uma foto de um ângulo "superexclusivo" e tenta cobrar por ela depois. Isso também pode rolar com os guardas oficiais do complexo (!). Nada grave, mas como em qualquer lugar movimentado, atenção a bolsas e pertences pessoais é sempre bem-vinda.
Angkor Wat: um breve histórico
Angkor foi a capital do Império Khmer, que chegou a abranger grande parte do Sudeste Asiático, entre os séculos 9 e 14. Afora os templos, palácios, represas e canais compunham a área, considerada a maior cidade pré-industrial do mundo e que chegou a abrigar 1 milhão de habitantes. O povo khmer é a etnia dominante no Camboja até hoje.
Angkor Wat ("wat" quer dizer templo) foi construído para ser o principal da cidade durante o reinado de Suryavarman II, hinduísta, no século 12. É o maior templo, a porta de entrada para o complexo arqueológico e o cartão-postal do país: sua silhueta estampa a bandeira nacional e as notas da moeda cambojana, o riel (pouquíssimo usado entre os turistas, em Siem Reap o dólar é amplamente aceito). Sua "torre" central é uma representação do Monte Meru, sagrado para a religião hinduísta.
O sol nasce atrás dele, o que leva a maioria dos turistas a madrugar em pelo menos um dia de visita ao complexo.
Durante a visita às dezenas de templos que circundam Angkor Wat não é difícil perceber que eles foram construídos em diferentes momentos da civilização khmer: algumas décadas depois do reinado de Suryavarman II, o rei Jayavarman VII tomou o poder e fez do budismo a religião oficial do império.
O estilo arquitetônico entre uma construção e outra é diferente e o embate entre as duas crenças pode ser visto, por exemplo, em algumas imagens de Buda transformadas em Shiva. Durante o governo de Jayavarman VII, foi construído outro templo impressionante, o de Bayon, com suas mais de 50 torres esculpidas com quatro faces de Avalokiteshvara, figura sagrada do budismo.
Também há outros templos menores, mas igualmente impressionantes, como o de Ta Prohm (lindamente tomado por raízes e hit depois aparecer no filme Tomb Raider, com Angelina Jolie) e o de Pre Rup, mais afastado e com vista para a floresta densa.
Angkor: informações práticas, ingressos e como ir
Apesar de megaturístico, lembre-se de se trata de um lugar sagrado (monges circulam e fazem orações por lá). Não tire fotos sem permissão e evite sentar muito perto, já que eles não podem tocar nem serem tocados por mulheres.
O calor não perdoa (quase sempre acima dos 30 graus), mas o ideal é visitar o complexo com uma saia abaixo dos joelhos e ombros cobertos (alguns templos, como Angkor Wat, têm isso como exigência). Lá dentro há alguns restaurantes e trailers que vendem bebidas e sanduíches, mas vale ter água e snacks ou frutas na mochila.
Chegando em Siem Reap, vá direto ao Ticket Office de táxi ou tuk-tuk comprar os ingressos: custa US$ 20 para um dia, US$ 40 para três (pode ser usado em dias não consecutivos, por uma semana) e US$ 60 para uma semana (ou sete dias não consecutivos em um mês). A segunda opção é a mais comum: em dois ou três dias você visita com calma o Pequeno e Grande Circuito. Se chegar na cidade no fim da tarde, por exemplo, pode sentir a vibe do parque e ter um overview de Angkor Wat sem que essa visita seja descontada do ingresso.
Angkor: como circular, com ou sem guia?
A maioria das pessoas prefere o tuk-tuk: dá para dividir com seu companheiro de viagem e se deixar guiar pelo motorista, que sabe de cor os roteiros do Pequeno e do Grande Circuito (ele te espera na porta dos templos o tempo que você quiser). Custa cerca de US$ 20 por dia e é fácil negociar nas áreas turísticas ou pedir indicações no hotel (a melhor alternativa). Ele te pega cedinho (entre 7h e 7h30 é um bom horário) e retorna por volta de 17h. Ir até a portaria de táxi, por exemplo, e seguir a pé não é boa ideia, por causa do calor, da extensão do parque e da perda de tempo, principalmente se você tiver poucos dias.
Também é boa pedida ir de bike, desde que você aguente pedalar o dia todo e se sinta confortável em se guiar pelos mapas (as placas indicativas não são lá essas coisas). No centro de Siem Reap é possível alugá-las na versão convencional (US$ 4) ou elétrica (na E-bike), mas fique atenta aos pontos esparsos para recarregá-la dentro do parque. Scooters, muito comuns no Sudeste Asiático, são proibidas dentro do parque. Ir em tours de ônibus ou fechar o preço com um táxi também é possível, mas vale mais se houver crianças, idosos ou pessoas com mobilidade reduzida na turma. Inevitavelmente, de ônibus, o passeio vai ficar mais corrido.
Sobre ir ou não com guia, é aquela história: sem ele você tem mais liberdade, mas pode acabar perdendo em informação. Uma alternativa pode ser contratar o guia no primeiro dia e, depois, quando estiver familiarizado com a história e a arquitetura do lugar, ir sozinho. A diária custa cerca de US$ 20. Ah, não abra mão de um profissional oficial, contratado na associação do Ministério do Turismo ou por indicação do hotel.
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