É triste ligar a TV e não estar rolando nenhum joguinho, né? A gente já está sofrendo de saudade, mas vale lembrar que a Rio 2016 ainda não acabou! De 7 a 18 de setembro, os Jogos Paralímpicos vão trazer a maior delegação brasileira da história, com 279 atletas, sendo 98 mulheres. Só gente inspiradora. <3
Um desses exemplos de superação, a recifense Natália Mayara Azevedo da Costa vai competir na modalidade tênis em cadeira de rodas. Aos 22 anos, ela já conquistou o ouro no individual e nas duplas nos Jogos Parapan-Americanos de Toronto, em 2015, e no Parapan Juvenil da Colômbia, em 2009. Sua deficiência vem da amputação das duas pernas, com 2 anos de idade, depois de ela ser atropelada por um ônibus que invadiu a calçada. Graças ao apoio dos pais, Natália começou a praticar natação e tênis aos 11 anos, até decidir se dedicar só às raquetes. Na piscina, ela chegou a participar de um campeonato mundial juvenil.
O tênis em cadeira de rodas
A modalidade adaptada tem semelhanças com a convencional – a principal diferença é a bola poder quicar duas vezes antes que o adversário bata nela. Raquetes e bolinhas são as mesmas das competições de tênis não-adaptado. As cadeiras são esportivas, ou seja, com rodas que permitem melhor equilíbrio e mobilidade.
Mas para conhecer esse esporte, nada melhor que conversar com uma das suas maiores apostas! Dá uma olhada no papo que a gente bateu com a Natália Mayara. Ela vive em Brasília desde os 8 anos, mas está em São Paulo nas últimas semanas que antecedem os jogos.
Como é a sua rotina de treinos? Há quanto tempo se dedica a Rio 2016?
Treino cinco vezes por semana, de 2 a 3 horas, sem contar musculação, pilates, natação e spining. Conto com o apoio de uma equipe, entre técnicos, preparadores físicos, massagista e nutricionista. Estou me preparando para os Jogos Paralímpicos do Rio há dois anos, tanto que tranquei a faculdade de publicidade.
Por que você escolheu jogar tênis em vez de seguir na natação?
Acabei me identificando mais, é um esporte complexo e desafiador, que exige da cabeça e do corpo ao mesmo tempo.
Qual foi o momento mais marcante da sua carreira até agora?
Com certeza a conquista da medalha no Parapan de Toronto ano passado. Foi quando comecei a colher os frutos da preparação para as Olimpíadas. Chorei muito, é maravilhoso ver o resultado de tanto esforço.
E a maior dificuldade?
A financeira quase sempre foi a maior: no início, eu ia treinar de ônibus (e, na época, eles não eram adaptados) e, quando meu pai ia me levar e buscar de carro, os horários não batiam e eu precisa esperar bastante até o treinos começarem, e mais depois que terminavam. Também não é fácil abrir mão de algumas coisas da infância e da adolescência para se dedicar ao esporte.
Qual foi o papel do esporte na sua conquista de autoestima e determinação?
Acho que a descoberta do esporte foi mais uma consequência da forma que meus pais me criaram, sem superproteção. Eu sempre tive liberdade para me movimentar, gastar energia, cair e me machucar. Por isso tive a chance de experimentar vários esportes.
Qual é a sua expectativa (e seu maior medo) nesses Jogos Paralímpicos?
As holandesas serão as adversárias mais difíceis e jogar em casa traz uma mistura maior de pressão e cobrança. Por outro lado, não tem nada melhor do que ver a reação da torcida no seu país.
Como você gostaria de inspirar outras pessoas?
No começo da carreira me inspirei em outros atletas e isso foi fundamental para que eu continuasse em frente. Minha maior recompensa, agora, é ver pessoas que me enxergam como um exemplo. Eu já tive isso e sei que não tem preço.
Anote na agenda:
A competição do tênis em cadeira de rodas feminino vai de 9 a 16 de setembro. Os ingressos custam a partir de R$ 20,00 e podem ser comprados pelo site ingressos.rio2016.com.
Estamos torcendo por aqui, Natália!