Quer ver uma mãe preocupada? Espera, então, aparecer bolinhas na pele do bebê: brancas, protuberantes, espaçadas, vermelhas, podem ter vários significados e deixam a mãe de cabelos em pé em preocupação. Uma das primeiras ações a ser feita é cortar da dieta da mãe, caso ela amamente, leite e derivados, e também da alimentação do bebê, caso ele já ingira tais alimentos, para descartar precocemente a possibilidade de Alergia a Proteína do Leite de Vaca (APLV). Não, nem toda bolinha na pele do seu filho está ligada à alimentação. Por isso, o taofeminino conversou com o pediatra Aleksandro Ferreira e com a dermatologista Amanda Hertz sobre os principais problemas de pele em bebês – e também com mães que sentiram na pele, literalmente, a preocupação com seus filhos. Há problemas que normalmente aparecem na pele do bebê até os dois anos de idade e que possuem tratamentos específicos, assim como descrições distintas.
Dermatite de fralda
O pediatra Aleksandro Ferreira, pai de Lara, de um ano e oito meses, e a dermatologista Amanda Hertz explicam, de primeira, que um dos principais problemas de pele até os dois anos é a dermatite de fralda, que pode ser evitada com trocas de fraldas frequentes, a fim de impedir o contato prolongado com urina e fezes e não irritar a pele do bebê. Segundo eles, cremes de barreira (pomadas preventivas de assadura) também ajudam a prevenir a dermatite de fraldas descartáveis. E lembram que lenços umedecidos, principalmente os com perfumes, devem ser evitados, pois também podem irritar a pele do bebê. O recomendado é que limpeza na área seja realizada com fralda com água e algodão.
Dermatite atópica
De acordo com Aleksandro e Amanda, é uma dermatose frequente na infância que acomete aproximadamente 20% das crianças e é caracterizada por ressecamento e coceira da pele e lesões típicas de acordo com a idade. Na fase do lactente é comum o acometimento da face e áreas extensoras como joelho e cotovelo. Já nas crianças e adolescentes, acomete mais as áreas flexoras de dobras. Crianças com dermatite atópica podem apresentar outros sinais de atopia como rinite e asma. A base do tratamento da dermatite atópica é a hidratação da pele e uso de sabonetes suaves, após o banho com a pele ainda úmida deve-se usar hidratante (sem cheiro). “O objetivo é manter a barreira cutânea da pele íntegra, caso não melhore com essas medidas, deve –se procurar um médico para uso de tratamentos específicos”, explicam os dermatologistas.
O diagnóstico de dermatite atópica para Gustavo, de um ano e dois meses, filho de Gabriela Castanheira (SP), 35, só veio aos quatro meses, quando o pequeno chegou a ter feridinhas no pescoço (de tanto coçar), apesar da irritação na pele ter começado quando ele ainda era recém-nascido. Gabriela conta que essa irritação vai e vem. “Se está calor é porque sua muito, aí aparece. Se está frio é por causa do tecido em atrito com a pele, aí aparece. Principalmente nas dobrinhas. Então, o pescocinho dele é muito atingido. Cortamos todos os cosméticos e produtos típicos de bebê e usamos só hipoalergênicos, sem perfume, sem corante e nada desse tipo. Além disso, banhos rápidos, não muito quentes e muita hidratação. As roupinhas têm que ser 100% algodão”, finaliza.
Dermatite seborreica
Caracterizada por lesões descamativas e avermelhadas, pode apresentar escamas esbranquiçadas ou amareladas. Localizadas principalmente no couro cabeludo (conhecida como crosta láctea), região retro auricular, região central da face e em alguns casos axilas, e pescoço. Aleksandro e Amanda explicam que sua etiologia ainda está sendo estudada, acredita-se que está associada ao fungo Malssesia sp. e apesar de ter o mesmo nome, não está associada com a dermatite seborreica do adulto. A dermatite seborreica na infância geralmente é autolimitada entre os quatro e seis meses de vida. A recomendação de Aleksandro e Amanda é usar óleos infantis 30 minutos antes do banho no couro cabeludo para amolecimento das crostas.
Dermatite de contato
Reação inflamatória na pele decorrente da exposição a um agente capaz de causar irritação ou alergia. Existem dois tipos de dermatite de contato: a irritativa e a alérgica. Segundo Aleksandro e Amanda, a dermatite irritativa é causada por substâncias químicas irritantes. “Pode aparecer na primeira vez em que entramos em contato com o agente causador e as lesões da pele geralmente são restritas ao local do contato. A dermatite alérgica de contato aparece após repetidas exposições a um produto ou substância. Ela depende de ações do sistema de defesa do organismo, e por esse motivo pode demorar meses a anos para ocorrer, após o contato inicial. Essa forma de dermatite de contato ocorre, em geral, pelo contato como produtos de uso diário e frequente, como perfumes, cremes hidratantes, esmaltes de unha, entre outros. “ A recomendação é que se use na pele da criança produtos suaves e de acordo com a idade, com o objetivo de diminuir a dermatite de contato.
Brotoeja
Nome popular da miliária, é uma dermatite inflamatória causada pela obstrução das glândulas sudoríparas, o que impede a saída do suor. O que a favorece? Ambientes quentes e úmidos, o excesso de roupas e agasalhos e febre alta favorecem o aparecimento de lesões, que no geral costumam aparecer no tronco, no pescoço e nas axilas. De acordo com Aleksandro e Amanda, o tratamento da brotoeja leva em conta as características das lesões, o local onde se instalaram e a idade do paciente. “Em crianças pequenas, por exemplo, pode ser utilizado medidas para refrescar a pele, a fim de evitar a transpiração excessiva, com o objetivo de aliviar o desconforto e melhora das lesões. Caso não melhore, deve-se procurar um médico. Para prevenção deve-se evitar usar muita roupa, principalmente em dias quentes e em crianças. Sempre que possível, use roupas de algodão ou fibra natural, roupas sintéticas costumam reter mais calor e o suor”.
Dayane Westhofer (SP), 22, conta que foram vários testes de tratamento popular até Davi, de quatro meses, ser diagnosticado com miliária. As bolinhas apareceram aos poucos e em 48 horas começaram a se espalhar pelo corpo. "Uma tia me disse que era de respirar em cima dele e realmente eu estava dormindo abraçada com ele, porque ele estava passando por um pico de crescimento e estava bem chatinho. Parei de dormir abraçada com ele, mas deu segunda, terça, quarta e só aparecia mais e mais. Em um grupo de mães, me falaram algumas coisas para testar e que provavelmente era de calor para eu parar de encher ele de roupas. Aqui onde moro é pé de serra então é muito frio, mas comecei a agasalhar menos ele", ela conta. Sem resultado. Ao usar pasta d'água, ela percebeu que ele estava começando a se coçar e nos dias seguintes, até depois de usar óleo de coco, ele seguiu se coçando. Compressa fria ajudou ao bebê não ficar irritado. "Dei banho com aveia e amido de milho por dois dias e levei numa dermatologista, que me disse ser miliária e que eu estava fazendo bem em dar banho com aveia e amido de milho, porque a aveia hidrata e o amido seca as bolinhas. Ela receitou um hidratante e um sabonete específicos que eu não comprei pelo custo alto. Continuo dando banho com aveia e amido e depois do banho espremo a aveia na minha mão e passo onde tem bolinhas, no rosto, pescoço, tórax e costas. Com isso, parou de aparecer e ele está coçando menos", finaliza.
Roséola
Infecção viral com resultado na pele associada ao vírus herpes tipo 6, a Roseola infantum, ou exantema súbito, é caracterizada por febre alta de três a quatro dias. Após a queda da temperatura ocorre o surgimento de lesões na pele (exantema). De acordo com Aleksandro e Amanda, as crianças geralmente mantêm um bom estado geral.
Candidíase
Causada pelo fungo C. albican, se prolifera em ambiente úmido e quente. Manter as fraldas limpas e secas diminui o risco de candidíase. Aleksandro e Amanda recomendam ficar atento a vermelhidão, áreas maceradas e esbranquiçadas. Muitas vezes, a candidíase está associada a dermatite de fraldas. A candidíase na área de fraldas pode ser tratada com antifúngicos tópicos.
Manchas de nascimento
Geralmente na face e região da nuca, são consideradas má formações vasculares que desaparecem espontaneamente entre o primeiro e terceiro ano de vida. A mancha mongólica (melanose dérmica) aparece no nascimento ou nas primeiras semanas de vida, é uma mancha acinzentada ou cinza azulada que ocorre nas costas e nádegas. Segundo os dermatologistas, essas manchas não são consideradas doenças, são muito comuns e geralmente somem na primeira infância.
Hemangioma
Primeira informação: hemangioma da infância não pode se tornar câncer de pele e é uma lesão vascular proliferativa. A história natural do hemangioma da infância, segundo os especialistas, é a seguinte: “o bebê nasce sem lesão ou com uma mancha. A mancha prolifera nas semanas seguintes, tornando-se uma placa ou uma tumoração. A lesão cresce de forma acelerada nos dois primeiros meses e mais lentamente até aproximadamente o oitavo mês de vida. Após este período ocorre a estabilização da lesão que dura até um ano e meio de vida”. Após esse período, há regressão lenta até os 10 anos de idade, momento em que 90% dos hemangiomas desaparece completamente. A maioria das lesões são pequenas. “Por isso, muitas vezes a conduta é expectante e conservadora. Lesões grandes ou em área de olhos, face, genital, mamas (principalmente nas mulheres) podem ser tratadas. Atualmente o tratamento do hemangioma apresenta grandes avanços e um médico deve avaliar a lesão para decidir a melhor conduta”, finalizam.
Noah, filho de Debby Souza (SP), 38, nasceu de cesárea, com 41 semanas e dois dias. Somente na segunda semana de vida que a mãe viu pequenos pontinhos vermelhos no pescoço – que foram crescendo conforme ele foi crescendo. “Aos três meses, já apresentava uma mancha alta. O médico diagnosticou hemangioma e disse que a possibilidade de sumir é grande. Conversei com várias mães sobre o assunto e decidimos não fazer o tratamento com medicamento. O medicamento é bem forte e com resultados rápidos”. Mas os pais de Noah optaram por fazer um tratamento homeopático e hoje, aos 14 meses, apresenta resultados. “Mesmo que o tratamento seja mais lento, decidimos não optar pelo medicamento pois o hemangioma e no pescoço e não tem comprometido a saúde dele. Faço acompanhamento com o dermatologista a cada três meses. Se o tratamento não funcionar, vamos optar pelo tratamento a laser no futuro, quando ele estiver maior”, conta.
Sinais de alergia de alimentos? Muito cuidado!
Seu filho segue com manchas pelo corpo que não são compatíveis com alguma das descrições acima? Observe, porque se junto com as manchas aparecem sintomas respiratórios ou gastrointestinais, pode ser alergia alimentar. Aí, mãe, aí, pai, a recomendação ir ao médico e não adotar nenhum tipo de medida sem passar com um profissional. Aleksandro e Amanda explicam que lesões de pele associadas a ingestão de alimentos prévios devem ser avaliadas por alergistas para evitar riscos para criança e também dietas restritivas. “É muito comum encontrarmos pacientes com dietas restritivas de vários alimentos sem terem ido a um médico, podendo causar danos nutricionais a criança”, explicam.
Suavidade sem excessos
A pele dos bebês é suave e os cuidados com ela devem seguir esse padrão. Com alta capacidade de absorção de produtos químicos, deve-se usar apenas produtos próprios para idade. Lembrete: filtro solar são liberados a partir dos seis meses – roupas e chapéus adequados são cuidados importantes com o sol. Em relação aos produtos, é importante usar produtos próprios para a idade, sabonetes suaves e somente nas regiões necessárias para asseio. Buchas e esponjas são descartadas porque agridem a pele da criança. Sabonetes de alta limpeza, denominados antibacterianos (comuns no mercado) também devem ser evitados no banho da criança. Para o cabelo, somente shampoos e condicionadores infantis sem excesso. Para crianças com pele mais seca, é recomendado uso de hidratantes sem cheiro, próprios para a idade. Sem excessos.
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