No mesmo mês em que comemoramos o nosso Dia Internacional, relatos de violência contra a mulher tomaram os noticiários no Brasil - não vamos esquecer dos abusos nos transportes públicos, certo? O recente estudo do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) [que indicou que para 65% dos brasileiros, mulher de roupa curta merece ser atacada] só reforçou a noção que muitos já tinham: vivemos em um país extremamente machista, que tolera o assédio na sua forma mais cruel e injusta. Em tempos de redes sociais, a revolta diante de um panorama tão assustador virou hashtag - #EuNãoMereçoSerEstuprada.
Foi a jornalista Nana Queiroz que lançou a campanha Eu Não Mereço Ser Estuprada, um sonoro alô para a sociedade de que, vítimas da violência de gênero ou não, as mulheres precisam ser respeitadas (aqui, aquele comentário "Que ano é hoje?" se encaixa perfeitamente). Em pouco tempo, os feeds viraram murais de fotos com a frase que dá nome ao movimento. Vitória? Não, nem perto disso. Desde que o grupo foi criado no Facebook, Nana e participantes receberam diversas ameaças de estupro. Um evento com o nome "Estupro Coletivo" chegou a ser criado, mas não está mais ativo.
Destaque na imprensa nacional e internacional
Tantos acontecimentos estarrecedores geraram repercussão: além da cobertura dos jornais brasileiros, a presidente Dilma Rousseff tuitou, e os internacionais Dailymail, Le Point e The Word Post destacaram a pesquisa, seu resultado e as manifestações. A dona do hit Beijinho no Ombro Valesca Popozuda foi a primeira celebridade a aderir à campanha e postou uma foto nua no Instagram. Daniela Mercury também deu o recado.
Outros (terríveis) números
Voltando ao estudo do Ipea, outros dados da epidemia da violência contra a mulher que insiste em nos assombrar:
- Número revoltante: 527 mil estupros acontecem no Brasil a cada ano. Somente 10% deles são denunciados.
- O agressor mora ao lado (ou pior, dentro de casa): 70% dos estupradores são conhecidos da vítima.
Também está indignada(o)? Veja mais protestos no Tumblr. Essa é a hora de enriquecer o debate e não se calar: denuncie casos de violência contra a mulher.