A cultura de amamentação é presente até os 54 dias de vida do bebê, média de amamentação brasileira, que vai de encontro às orientações mundiais sobre aleitamento materno, entre elas, amamentação exclusiva até o sexto mês de vida, amamentação pelo menos durante dois anos e desmame natural. A cultura de amamentação no Brasil segue como essencial para recém-nascidos que, a partir do segundo mês de vida aparentemente já podem lidar com sua mãe sem depender do leite materno. Não é, no entanto, o que demonstram diversos estudos sobre amamentação. Mais do que essencial do ponto de vista nutritivo até os seis meses de vida e prolongadamente até os dois anos, o leite materno oferece suporte emocional e psicológico para a criança, facilitando desenvolvimento cognitivo e motor. Contra os 54 dias de amamentação que já estão garantidos, para seguir com a amamentação exclusiva até o sexto mês de vida é preciso que a mulher que quer amamentar esteja preparada para a realidade da amamentação.
A amamentação é a melhor maneira de alimentar o bebê. Cria suporte biológico e emocional no desenvolvimento da criança, é ideal para o crescimento saudável, fornece toda a energia e os nutrientes de que o recém-nascido precisa nos primeiros meses de vida – até o primeiro ano de vida fornece metade dos nutrientes e até um terço durante o segundo. O leite materno é composto de linfócitos e imunoglobulinas que ajudam no sistema imune da criança e combate infecções, protege contra doenças crônicas e ainda promove o desenvolvimento cognitivo. Possui melhor digestibilidade, composição química balanceada, ausência de princípios alergênicos, além do baixo custo. De acordo com a UNICEF, as crianças que recebem leite materno possuem desenvolvimento melhor e apresentam relativo aumento da inteligência em relação às crianças não amamentadas, além de estarem prevenidas a alterações ortodônticas, de fala e terem menor incidência de cáries. Crianças que são amamentadas no peito são mais seguras e têm mais facilidade para aceitar os alimentos, pois o leite tem características da alimentação da mãe.
Mas, por que amamentar exclusivamente até os seis meses de vida? Há mais de uma razão. O leite da mãe, espécie-específico, contém todos os nutrientes necessários e na quantidade que aquele bebê precisa, não sendo necessário complementação alimentar. Até os seis meses de vida, o bebê amamentado não necessita de chá, água ou qualquer outro tipo de alimento. A partir dos seis meses se dá início à introdução alimentar (IA). Além disso, a partir do sexto mês o bebê já passou pela maturação fisiológica da função gastrointestinal e renal, o que é essencial para uma digestão, absorção e metabolização dos alimentos adequada em paralelo com o aleitamento materno, que deve seguir sob livre demanda.
Durante a gestação, em função dos hormônios estrógeno e progesterona, ambos secretados pela placenta, os seios ficam maiores, mais sensíveis e têm seus vasos sanguíneos dilatados. A produção do leite propriamente dito tem início após o parto, quando hormônios como a prolactina e a ocitocina estimulam as células a fabricarem o leite, que nesse período é chamado de colostro, rico em proteínas. O colostro pode ser produzido na gestação ou no pós-parto e é essencial para o estabelecimento da amamentação. Quanto mais o bebê sugar o colostro, mais acertará a pega e se adequará à apojadura, a próxima fase da amamentação, a descida do leite. Acontece entre três e cinco dias do pós-parto, em média (não se assuste se levar mais tempo). Cada corpo produzirá colostro na medida que o bebê precisa desde que esse bebê sugue. Mãe, bebê e a ligação entre esses dois corpos estão aprendendo o que é amamentação. Estabelecer horários de mamadas é desnecessário. O bebê precisa de livre demanda. Primeira dica da livre demanda: peito é fábrica, não estoque. O leite materno é produzido durante a mamada, de modo que a mãe não precisa se preocupar se o seio está cheio ou vazio, se o bebê está mesmo sugando leite. Saiba que o seu filho está mamando mesmo que seu seio aparente estar murcho. Amamentar sem relógio é libertador para a mãe. Isso porque, atenta aos sinais do bebê, se dispõe a amamentá-lo sempre que for necessário e, com o passar do tempo, adequando a rotina ao tempo do bebê. Não vai existir atraso, muito ou pouco leite. Vai existir um binômio mãe-bebê saudável e feliz - e, sim, cansado; e, sim, com sono, porque muitos bebês mamam a cada hora e meia mesmo após os primeiros meses, porque muitos bebês demoram para dormir e querem dormir mamando.
Entre o 20º e o 30º dias de vida do bebê o leite se torna aquele que amamentará esse bebê exclusivamente pelos próximos cinco meses, com alterações de cores e de sabores, de acordo com a alimentação da mãe. Nesse período, a mulher já tem o que se chama de leite anterior e posterior. O leite anterior é o do início da mamada, sacia a sede e contribui para o crescimento, tem alto teor de água e se assemelha ao leite de coco e é rico em anticorpos; o posterior, do fim da mamada, alimenta e dá ganho de peso, é mais amarelado devido à presença de betacaroteno, pigmento lipossolúvel presente na cenoura, abóbora e vegetais de cor laranja, provenientes da dieta da mãe (o leite da transição do anterior para o posterior é branco opaco devido ao aumento gradativo da concentração de caseína).
“O leite pode ter aspecto azulado ou esverdeado quando a mãe ingere grande quantidade de vegetais verdes. Não é rara a presença de sangue no leite, dando a ele uma cor amarronzada. Esse fenômeno é passageiro e costuma ocorrer nas primeiras 48 horas após o parto. É mais comum em primíparas adolescentes e mulheres com mais de 35 anos e deve-se ao rompimento de capilares provocado pelo aumento súbito da pressão dentro dos alvéolos mamários na fase inicial da lactação. Nesses casos, a amamentação pode ser mantida, desde que o sangue não provoque náuseas ou vômitos na criança”, registra o Saúde da Criança: Nutrição Infantil, Aleitamento Materno e Alimentação Complementar, Caderno de Atenção Básica, nº 23, do Ministério da Saúde.
Mas como saber no tempo da mamada qual leite foi ingerido? Cada seio e cada bebê estabelecem a amamentação de uma determinada forma, mas mamadas de poucos minutos não necessariamente são efetivas. É importante que a mãe observe o padrão de mamada do bebê, como ele reage, como ele solicita, quanto tempo ele fica em cada seio e como estão a fralda e o ganho de peso. A quantidade de urina e de fezes ajuda a compreender como está a ingestão de leite.
Durante o primeiro mês de vida completo e o terceiro mês acontece o ajuste de produção. Seios duros, cheios, vazando, ajuste de mamadas, de tempo e de frequência são as situações mais frequentes. Amamentar sob livre demanda nesse período é cansativo, mas contribui para estabelecer a produção do leite e a pega do bebê, o modo como ele mama. Até o terceiro de mês de vida, marcado em média por um salto de desenvolvimento que preocupa a mãe. Como explica o Dr. Carlos Gonzáles em Meu filho não come “por volta dos três meses, os bebês já adquiriram tanta prática que podem mamar em somente cinco ou sete minutos, alguns até mesmo em três. Se ninguém avisou a mãe que isso ia acontecer, se a enganaram com a conversa dos dez minutos, ela pensará que seu filho não comeu o suficiente”. Além disso, explica que “o inchaço do peito nas primeiras semanas tem pouca relação com a quantidade de leite, é mais uma inflamação passageira quando os seios começam a trabalhar. O inchaço e o vazamento são problemas da fase de treinamento e desaparecem quando a amamentação está estabelecida”.
A amamentação se estabelece para mãe e bebê sob livre demanda por volta do quarto mês. Sim, quando finalmente a fase de treinamento e mudanças do leite e frequência de mamadas se ajustaram, a mãe percebe que são mais dois meses amamentando em livre demanda exclusivamente. Mais 60 dias, em média. Algumas podem ver essa ideia como se libertar, outras como se separar. O fato é que aos seis meses de vida do bebê é recomendado que se inicie a introdução alimentar, que também é o início do desmame, ainda que esse desmame leve anos para se concretizar.
Expectativa e realidade da amamentação
Segundo Laura Gutman, autora de Mulheres Visíveis, Mães Invisíveis, "a lactância é uma continuação e desenvolvimento dos aspectos femininos mais terrenos, selvagens, diretos, filogenéticos. Para dar de mamar, as mulheres deveriam passar quase todo o tempo nuas, sem largar sua cria, mergulhadas em um tempo fora do tempo, sem intelecto nem elaboração de pensamentos, sem necessidade de se defender de nada nem de ninguém, mas apenas mergulhadas em um espaço imaginário e invisível para os demais. Isto é possível quando compreendem que a psicologia feminina inclui um profundo vínculo com a Mãe Terra, que ser uma com a natureza é intrínseco ao ser essencial da mulher, e que, quando esse aspecto não se torna evidente, a lactância simplesmente não flui. As mulheres não são muito diferentes dos rios, dos vulcões e das florestas. Só é preciso preservá-los dos ataques”.
Para Erika Salvatico Leonardo (SP), 31, mãe de Mia, de cinco meses, amamentar é um grande desafio por si só. “Pensei que seria instinto materno, mas não é. Tem que tentar, tem que estimular, tem que se preparar. Depois, é ter que lutar contra a pressa e praticidade que a sociedade tem. As pessoas logo sugerem a chupeta para a necessidade de sucção e a mamadeira para você poder ficar à vontade para fazer suas coisas e não ter que dar peito toda hora”. A amamentação exige da mãe paciência, disposição, vontade, informação, dedicação, entrega e determinação e não deve ser romantizada: é um desafio estar entregue a si mesma como nutriz de um bebê com todas as características supracitadas. Amamentar é essencial para o bebê e contribui para o vínculo entre mãe e bebê. Mas é exaustivo, principalmente porque a mulher que amamenta na maioria das vezes se divide em outros afazeres que não se dedicar somente ao bebê – e nem se espera que essa mulher viva em uma bolha de uma recém-maternidade que muitas vezes é compulsória.
“Para mim, superar a adaptação inicial é o grande desafio da ‘largada’; quando o bebê cresce um pouco mais, o desafio é confiar que a única coisa que o bebê precisa para se alimentar é o seu leite e resistir aos pedidos encarecidos dos familiares para que seja dado pelo menos água", é o que relata Mariana Monticelli (Lurano, Itália), 29, mãe de Matteo, de dois anos e meio, e de Maddalena, de quatro meses. A adaptação inicial e o estabelecimento da amamentação são desafiadores, não somente pelo aprendizado, sono, (re)conhecimento do bebê, mas pelo entorno. A cultura de amamentar brasileira é tão frágil que as mulheres são constantemente desencorajadas a amamentar pelos próprios familiares, que chegam a debater com a mãe o que é melhor para o bebê dela; pela publicidade infantil, que sobrecarrega a mãe de leites artificiais substitutos sob a prerrogativa da “liberdade”; por pediatras desatualizados em décadas sobre amamentação e patrocinados por grandes patentes alimentícias e pela sociedade como um todo, que notoriamente condena a mulher que exibe o seio para amamentar e louva a nudez erótica e publicitária do corpo feminino para consumo.
Portanto, além de se adaptar ao próprio corpo, a mãe que quer amamentar precisa se adaptar ao entorno. Improvável que a mídia ou o entorno familiar sem cultura de amamentar encare a realidade da situação: amamentar pode doer no início. Nem toda mulher vai sofrer com as dores do calejamento do bico, que pode, inclusive, cair após tantas fissuras, mas as dores são comuns. As recomendações reais sobre o início da maternidade para a mãe que quer amamentar são simples: beba muita água, alimente-se bem, durma, busque uma rede de apoio que mantenha o seu ambiente limpo, em termos domésticos, durma. E desprenda-se. De todos os padrões e todas as referências que você conhece sobre amamentação. Amamenta a mulher que quer, com o mínimo de informação e apoio.
Para Rutielle Isabel Evangelista (SP), 25, mãe do Vinicius, de oito, meses, o maior e mais importante benefício é a ligação entre mãe e bebê. “Ao contrário do que vinham me dizendo, amamentar exclusivo só fez com que a volta ao trabalho fosse mais tranquila, tenho um bebê que se sente seguro e é completamente saudável”, conta. Paula Hilst Selli (SP), 39, mãe de Iuri, de quatro anos, e dos gêmeos Miro e Dimitri, de seis meses, ambos amamentados em livre demanda exclusivamente, além de ser um excelente alimento e fornecer hidratação, o leite materno beneficia a imunidade, fortalece o vínculo, propicia desenvolvimento adequado dos músculos da face. E é prático. “O desafio é ter apoio de qualidade e ninguém atrapalhando. Tive sorte não precisei brigar com ninguém para amamentar meus filhos, mas sei que não é a realidade mais comum. O mesmo considera Erika, que passou pelo inevitável processo da amamentação. “Para amamentar tem que querer muito e ter muito apoio, senão a gente acaba desistindo sim". Seja pela falta de informação, paciência ou pela falta de apoio. "Na primeira semana, a Mia mamava e eu chorava. Só acertamos a pega com quase 20 dias e mesmo assim até hoje tem horas que ainda sinto incômodo. Eu não tive machucados ou sangramentos nos seios durante as primeiras semanas de amamentação, mas teve muita dor, queimação e sensibilidade”, relata.
Pouco leite e leite fraco: mitos da amamentação
O leite materno é suficiente. “É muito importante entender o efeito da sucção na produção de leite. Quanto mais sucção, maior a quantidade de leite produzido. Se a criança para completamente de sugar ou se nunca começa, as mamas param de produzir leite. Se a mulher tem gêmeos e ambos sugam, suas mamas produzirão a quantidade extra de leite de que as duas crianças precisam. Isso é chamado de oferta e procura. As mamas produzem tanto leite quanto a criança precisa. Se a mãe quer aumentar a oferta de leite, deve estimular a criança a sugar um maior número de vezes e por mais tempo. NÃO deve perder uma mamada para 'economizar' leite - isto fará com que as mamas produzam menos”, é o que registra o livro Como Ajudar as Mães a Amamentar.
Bebês choram (muito) e mamam (muito). Choro constante e muitas mamadas não necessariamente significam que um bebê está com fome e que o leite da mãe não é suficiente. Ele é. O que é mais que suficiente são as interferências alheias minando a amamentação. Quando a mulher não confia na sua capacidade de nutrir seu filho, passa a ansiedade para ele e, pressionada pela situação, recorre ao leite artificial. Segura, transmite segurança para o filho, que além de parar de chorar, mama e dorme. Se ela acredita que o leite artificial é melhor, dá menos vezes o peito e consequentemente para de amamentar. Quanto menos o bebê mamar, menos leite será produzido. E muitas vezes a mulher e a família ainda relegam ao bebê a decisão: ele não quis mais o peito. Bebês não têm discernimento sobre desmame, acredite. Segundo o caderno do Ministério da Saúde, “o volume de leite produzido na lactação já estabelecida varia de acordo com a demanda da criança. Em média, uma mulher amamentando exclusivamente produz 800 ml de leite por dia. No entanto, a capacidade de produção de leite das mulheres costuma ser maior que as necessidades de seus filhos, o que explica a possibilidade de amamentação exclusiva de gêmeos e o leite extra produzido pelas mulheres que doam leite humano aos bancos de leite”.
Fissura no bico: como lidar e como tratar
As fissuras são comuns durante o início da amamentação e são decorrentes tanto do mamilo estar se acostumando com o atrito da sucção quanto da pega incorreta. O primeiro passo é se certificar de que a pega está correta. Na pega correta, o bebê abocanha bico e aréola, de modo que o bico fica quase encostado no céu da boca do bebê. Além disso, é importante que a boca do bebê esteja em formato de peixinho. No começo, é normal que a mãe precise ajustar a pega e também colocar delicadamente os lábios do bebê para fora, formando o peixinho. Lembrete: esse começo pode significar meses de ajuste de pega. Caso as rachaduras sangrem, você deve prosseguir com a amamentação. Caso seu filho regurgite o leite, aliás, com aparente traços de sangue, pode ser o da sua rachadura. Prossiga com a amamentação. Para evitar rachaduras: banho sol nos seios durante a gestação e no pós-parto ou banho de luz de cinco minutos em cada mama com uma distância de 5 cm entre luminária de luz incandescente e seio. Não passe hidratantes comuns e talcos, use lanolina na hora da mamada (nunca antes), use camisetas largas e abandone sutiãs durante um período. O leite materno é cicatrizante: passar seu próprio leite sobre a ferida e deixar que seque naturalmente também ajuda.
Segundo recomendações do Ministério da Saúde:
- “Trauma mamilar, traduzido por eritema, edema, fissuras, bolhas, 'marcas' brancas, amarelas ou escuras, hematomas ou equimoses, é uma importante causa de desmame e, por isso, a sua prevenção é muito importante, o que pode ser conseguido com as seguintes medidas: Amamentação com técnica adequada (posicionamento e pega adequados);
- Cuidados para que os mamilos se mantenham secos, expondo-os ao ar livre ou à luz solar e trocas frequentes dos forros utilizados quando há vazamento de leite;
- Não uso de produtos que retiram a proteção natural do mamilo, como sabões, álcool ou qualquer produto secante;
- Amamentação em livre demanda – a criança que é colocada no peito assim que dá os primeiros sinais de que quer mamar vai ao peito com menos fome, com menos chance de sugar com força excessiva;
- Evitar ingurgitamento mamário;
- Ordenha manual da aréola antes da mamada se ela estiver ingurgitada, o que aumenta a sua flexibilidade, permitindo uma pega adequada;
- Introdução do dedo indicador ou mínimo pela comissura labial (canto) da boca do bebê, se for preciso interromper a mamada, de maneira que a sucção seja interrompida antes de a criança ser retirada do seio;
- Não uso de protetores (intermediários) de mamilo, pois eles, além de não serem eficazes, podem ser a causa do trauma mamilar”.
Mastite, candidíase, abscesso e ducto entupido: o que são e como tratar
Ducto entupido
É o bloqueio do ducto lactífero e pode ocorrer por diversas situações: amamentação infrequente ou com horários preestabelecidos, pega errada, pressão local causada por sutiã ou roupas apertadas e uso de creme nos mamilos de modo que os poros sejam obstruídos. O ducto forma nódulos no seio, deixando-o sensível e dolorido, com vermelhidão na área inflamada. Há relatos de um ponto branco no mamilo que causa muita dor durante a mamada. O tratamento inclui, de acordo com o caderno do Ministério da Saúde:
- Mamadas frequentes;
- Utilização de distintas posições para amamentar, oferecendo primeiramente a mama afetada, com o queixo do bebê direcionado para a área afetada, o que facilita a retirada do leite do local;
- Calor local (compressas mornas) e massagens suaves na região atingida, na direção do mamilo, antes e durante as mamadas;
- Ordenha manual da mama ou com bomba de extração de leite caso a criança não esteja conseguindo esvaziá-la;
- Remoção do ponto esbranquiçado na ponta do mamilo, caso esteja presente, esfregando-o com uma toalha ou utilizando uma agulha esterilizada.
Mastite
Processo inflamatório de um ou mais segmentos da mama e costuma deixar a mulher com febre. É comum que aconteça em várias fases da amamentação, principalmente no início. Entre os fatores que causam a mastite estão mamadas com horários regulares, redução súbita no número de mamadas, longo período de sono do bebê à noite, uso de chupetas ou mamadeiras, não esvaziamento completo das mamas, freio de língua curto, criança com sucção fraca, produção excessiva de leite, separação entre mãe e bebê e desmame abrupto. O tratamento da mastite deve ser iniciado o mais rápido possível e o ideal é que ocorra o esvaziamento adequado da mama. De acordo com o caderno do Ministério da Saúde “esse é o componente mais importante do tratamento da mastite. Preferencialmente, a mama deve ser esvaziada pelo próprio recém-nascido, pois, apesar da presença de bactérias no leite materno, quando há mastite, a manutenção da amamentação está indicada por não oferecer riscos ao recém-nascido a termo sadio. A retirada manual do leite após as mamadas pode ser necessária se não houve um esvaziamento adequado”. Também deve ser tratada com antibiótico compatível com a amamentação e prescrição médica.
Candidíase
Infecção na mama causada pela bactéria Candida sp, pode atingir só a pele do mamilo e da aréola ou comprometer os ductos lactíferos. Entre os fatores que causam estão a umidade e a lesão dos mamilos e uso de antibióticos, contraceptivos orais e esteroides. “Na maioria das vezes é a criança quem transmite o fungo, mesmo quando a doença não seja aparente. A infecção por Candida sp costuma manifestar-se por coceira, sensação de queimadura e dor em agulhadas nos mamilos que persiste após as mamadas. A pele dos mamilos e da aréola pode apresentar-se avermelhada, brilhante ou apenas irritada ou com fina descamação; raramente se observam placas esbranquiçadas”, de acordo com o caderno do Ministério da Saúde. Há registros de mãe que se queixaram de dor em agulhada dentro das mamas. “É muito comum o bebê apresentar crostas brancas orais, que devem ser distinguidas das crostas de leite (essas últimas são removidas sem machucar a língua ou gengivas)”, registra o documento. O tratamento do fungo é específico com orientação e prescrição médica, com uso de pomada e/ou tratamento oral. Mãe e bebê devem ser tratados simultaneamente. Medidas que a mulher pode realizar para contribuir com o tratamento: “enxaguar os mamilos e secá-los ao ar após as mamadas e expô-los à luz por pelo menos alguns minutos por dia. As chupetas e bicos de mamadeira são fontes importantes de reinfecção, por isso, caso não seja possível eliminá-los, eles devem ser fervidos por 20 minutos pelo menos uma vez ao dia”.
Abscesso mamário
Mastite não tratada ou tratada tardiamente pode causar abscesso mamário, que consiste em um quadro clínico com dor intensa, febre, mal-estar, calafrios e presença de áreas de flutuação à palpação no local afetado. Qualquer medida que previna mastite vai prevenir o abscesso mamário. O tratamento inclui, de acordo com o caderno do Ministério da Saúde:
- Drenagem cirúrgica, de preferência sob anestesia local, com coleta de secreção purulenta para cultura e teste de sensibilidade a antibióticos;
- Demais condutas indicadas no tratamento da mastite infecciosa, sobretudo a antibioticoterapia e o esvaziamento regular da mama afetada;
- Interrupção da amamentação na mama afetada até que o abscesso tenha sido drenado e a antibioticoterapia iniciada. Essa é uma recomendação da Organização Mundial da Saúde (OMS);
- Manutenção da amamentação na mama sadia.
Dicas das especialistas: mães que amamentaram exclusivamente até os seis meses
- Frequente grupos de amamentação. Caso tenha dificuldade de amamentar, procure ajuda nos bancos de leite ou com consultoras de amamentação. Tenha um pediatra apoiador do aleitamento. Afaste-se de pessoas que mexam com a sua confiança. Acreditar;
- Amamentar em livre demanda sempre, por mais cansativo que seja, não cair no erro da chupeta e mamadeira, pois não são inofensivas e acabam por prejudicar a pega e por consequência machucar mais ainda o mamilo. Ter uma rede de apoio que realmente apoie e INFORMAÇÃO;
- Saiba o que está por vir e viva todas as reações esperadas com relação ao bebê nas primeiras semanas em casa;
- Paciência, confiança na natureza e na fisiologia da díade mãe-bebê, e um pediatra que seja a favor da amamentação, porque em um período de instabilidade emocional como é o pós-parto, um médico mal informado pode destruir a amamentação;
- Busque informações de fontes seguras, artigos científicos, contrate ou busque dicas de consultoras de amamentação, conversem com mães que amamentam e tenham por perto pessoas que apoiam a sua decisão. Ter marido, mãe, tia, prima que apoiam a sua decisão é um passo enorme para o sucesso na amamentação;
- Não ceda aos palpites dos outros, além do básico: nunca dar chupeta nem mamadeira, se empoderar de informações sobre o leite materno e amamentação, criar uma conexão incrível com seu bebê, no começo é difícil, mas depois flui, vira algo supernatural;
- Bata o pé sobre a insistência dos familiares em dar água, chá ou fruta antes dos seis meses. Deixe bem claro que as decisões sobre dar ou não dar, e o que dar, cabem somente aos pais;
- O mais difícil é lidar com a pressão das outras pessoas do tal "tem que comer”. Respeite o tempo do seu filho, nunca force. Não forçar dá segurança para ele começar a comer bem sem estresse;
- Não crie grandes expectativas, na verdade criar nenhuma expectativa. Cada bebe engatinha, anda e fala na sua hora, na alimentação a mesma coisa, cada bebe come quando estiver pronto. Alguns são mais rápidos, outros demoram mais, e a vantagem de amamentar é que seu bebe continuará sendo superbem alimentado.*
*Dicas elaboradas com relatos das mães Erika Salvatico Leornado, Mariana Monticelli, Paula Hilst Selli, Rutielle Isabel Domingues Evangelista e Sara Hu Kai, que amamentaram exclusivamente por seis meses (e seguem amamentando).
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