Disposição, aconchego, conforto nos dias frios… muito provavelmente aquela fumacinha que sobe da xícara de café te traz alguma dessas sensações. Seja de manhã, depois do almoço ou no meio da tarde, para dar aquele up no trabalho, um cafezinho fresco é muito bem-vindo!
Acontece que nem sempre – ou quase nunca – ele aparece na nossa rotina em sua melhor versão: ora meio requentado na garrafa térmica no bufê por quilo, ora beeeem fraquinho, naquela máquina de caráter duvidoso na copa na firma. Já que às vezes é inevitável encarar um deles, temos uma boa notícia, minha cara viciada em café: o melhor cafezinho do dia pode ser feito no conforto do lar, desde que você siga algumas dicas, da compra ao coador.
Café: onde vive? Do que se alimenta?
Antes de sair por aí bancando a expert, é preciso conhecer algumas informações básicas sobre esse grãozinho que a gente tanto ama: as espécies cultivadas para consumo, Coffea arabica e Coffea canephora, provêm de uma planta da família das Rubiaceae, gênero Coffea. Elas dão origem aos grãos arábica, mais comum e adocicado, e robusta, com o dobro de cafeína e mais amargo. As misturas dos dois tipos são os chamados blends.
No Brasil, a Associação Brasileira da Indústria de Café (Abic) é o órgão responsável por verificar a pureza e a qualidade do café torrado e moído por aqui. Um selo na embalagem de pó comprova que aquela marca passou pelo crivo da associação. Ela emite dois principais selos: o de pureza, que checa se os produtos não foram adulterados pelas marcas, e o Programa de Qualidade do Café (PQC), que classifica o café em três categorias: tradicional, superior e gourmet.É aí, querida leitora, que você precisa saber o que procura, em termos de preço e qualidade, antes de levar seu café pra casa:
Os da categoria tradicional são os que a gente mais vê no mercado, com ponto de torra médio ou escuro (esse último, usado muitas vezes para esconder defeitos nos grãos). Como carecem de uma seleção apurada e os grãos não são de alta qualidade, o preço costuma ser baixo. A presença de grãos robusta é variável, o que pode trazer amargor excessivo à bebida. Essa categoria têm subdivisões: forte, extraforte e descafeinado, além do tradicional.
Para ser considerado superior (especial ou premium, dependendo do rótulo), o café precisa conter somente grãos arábica e passar por torra média.
Já os chamados cafés gourmets são produzidos a partir de grãos mais selecionados e de melhor qualidade, muitas vezes em menor escala e com plantas cultivadas em uma única fazenda (o que garante um terroir próprio). São mais caros e, em geral, encontrados só em lojas especializadas.
Como escolher?
“Quanto mais escuro o café, mais defeituoso é o grão de sua composição” diz Micheli Poli Silva, degustadora de café e CEO do Café Jurerê, de Santa Catarina. Uma boa forma de testar a qualidade do café é tomá-lo sem adoçar: se estiver levemente doce, trata-se de grãos selecionados. Se for muito amargo, a qualidade não é das melhores.
Indicado na embalagem dos cafés superiores e gourmets, o tipo de torra é algo que vale ser observado, pois permite variações sensoriais. “Para um sabor mais aberto e com notas mais frutadas, procure torras claras. Caramelo, chocolate e outros sabores mais fechados são encontrados em torras escuras, também comuns para esconder defeitos dos grãos”, explica Edgar Martins, barista do Café Urbe, em São Paulo.
Logo depois da moagem, o café começa a oxidar e a passar por modificações. “Por isso, o ideal é que ele seja moído na hora do consumo”, diz Gelma Franco, proprietária do IL Barista Cafés Especiais, de São Paulo. Mas não ter uma máquina de moer, como a grande maioria das pessoas, não significa o fim do sonho de um bom café caseiro. Basta ficar atenta a alguns pontos para a mágica acontecer!
E lembre-se: não adianta comprar o melhor café e equipamentos bacanudos se o armazenamento em casa não for feito de jeito certo. Mantenha o pó na embalagem original e dentro de um recipiente com boa vedação. Assim, a oxidação será mais lenta e as propriedades originais do pó tendem a se manter por mais tempo. Ah, e nem pensar em adoçar a água, ok?
Como fazer café no coador
É a forma mais comum de passar café em casa. Além do filtro, é preciso um recipiente (bule ou garrafa térmica) e o coador, que pode ser de papel ou de pano. O de papel, descartável e mais usado hoje em dia, tem algumas desvantagens: gera mais lixo (imagine descartar um filtro por dia na natureza!), retém parte dos óleos essenciais que dão sabor à bebida e ainda libera resíduos de fabricação na água. Uma forma de evitar esse prejuízo no sabor é umedecer o filtro vazio com água quente, descartar essa água e só então passar o café. O coador de pano, por sua vez, faz com que o café saia com suas características mais completas. Na hora de guardar, nada de armário: coloque o tecido na geladeira, dentro de um pote fechado com água.
Não passe da medida!
“Uma colher de sopa cheia para um copo americano de água é um bom começo” diz Edgar Martins. Para mais pessoas, pense sempre em proporção de 1 para 10, por exemplo: 20 g de café para 200 ml de água.Antes de passar o café, é importante não deixar a água ferver – isso pode queimar o pó e alterar o sabor do líquido. Retire do fogo assim que as primeiras bolinhas derem as caras! Jogar parte da água quente no coador, na xícara e no bule antes de usar vai manter a temperatura do café por mais tempo. Na hora de colocar a água no filtro, vá devagar, garota: quanto mais lenta for a extração, mais intenso e encorpado o café. Há dois jeitos de coar, experimente e avalie qual é o melhor para você:
1. Despeje um pouco de água quente para umedecer o pó de forma homogênea, facilitando a extração por todas as partículas do café. Depois, partindo do centro, jogue a água fazendo movimentos circulares bem devagar, para evitar bolhas.
2. Comece devagar pelas beiradas, e só então vá em direção ao centro do coador.
Como fazer café na cafeteira elétrica
É prática e fácil de usar – desde que não acabe a energia. A quantidade de pó e de água são indicadas pelo fabricante da máquina, mas dá para usar as mesmas proporções do coador. Depois de apertar o botão, é só tirar as xícaras do armário e esperar que ela faça o resto! Assim como naqueles modelos com cápsulas, o maior benefício acaba sendo uma desvantagem também: como não há controle na quantidade de pó e no ritmo de despejo da água, o resultado será sempre padronizado, sem um toque pessoal.
Como fazer café na prensa francesa
Além de ser um charme, ela produz um café encorpado, graças ao processo de extração por infusão. Em vez de filtro, há uma telinha de metal que faz com que os óleos essenciais do pó cheguem até o produto final. Como a trama é bem fina, é preciso que a moagem do pó seja mais grossa, para que ele não “invada” o líquido.
Como fazer café na cafeteira italiana
Essa belezinha vintage usa o processo de ebulição para extrair o café. Ou seja, a água do compartimento inferior esquenta, atinge o pó, que está no compartimento do meio e, após a fervura, é jogada no compartimento de cima. O resultado é um café mais intenso. Assim como na prensa francesa, o ideal é que o pó tenha uma moagem mais grossa.
Hmmmmm… Sacou? Agora é só escolher o melhor método e preparar um cafezinho delícia!