Imagine a seguinte situação: você recebe uma proposta de emprego dos sonhos, mas precisará se mudar para um país em que não conhece ninguém e não domina a língua local. Ou, então, pense bem se aceitaria ir a um blind date – encontro com um potencial interesse amoroso arranjado por uma amiga, mas no qual você tem conhecimento zero sobre a pessoa. Nem o nome, nem a aparência física, nada.
O coração palpitou? Sentiu o ar sumindo de seus pulmões? Pode ser o que chamamos de “medo do novo” ou “medo do desconhecido”. Frente à uma situação da qual você não tem nenhum controle, seu organismo entra em pânico. E isso é mais comum do que você pode imaginar. Em certo grau, praticamente todo mundo sente medo de situações novas. Mas, quando esse medo impede a pessoa de realizar tarefas ou interagir com outras pessoas, ele pode se tornar um problema.
Cristiane Moraes Pertusi, doutora em Psicologia do Desenvolvimento Humano pela Universidade de São Paulo, diz que esse medo é uma resposta de defesa do nosso corpo. “O novo, para o ser humano, aciona instintos de sobrevivência de proteção frente ao desconhecido – o que é, inicialmente, uma resposta automática (fisiológica e psíquica) de defesa”.
No entanto, a história de cada indivíduo, seus vínculos afetivos e a aprendizagem vivenciada desde a mais tenra infância podem potencializar ou mesmo mitigar tais respostas frente ao novo. Foi o que aconteceu com Lorena Ruyz, estudante de publicidade de 25 anos, que desde criança sofre de ansiedade. “Sempre me cobrei demais, e, quando tinha provas na escola, sentia uma palpitação fortíssima, tremia, suava frio e tinha que dispender uma energia enorme para me informar sobre as notas, porque no fundo eu não queria saber”. Seu quadro piorou quando, aos 21 anos, perdeu o pai e uma amiga querida. “Eu acho que essas perdas contribuíram para que eu voltasse a essa situação [do medo do novo] na fase adulta”.
Fernanda Scherer, publicitária e atualmente dona de casa de 32 anos, também sofre com o medo do desconhecido e já perdeu diversas oportunidades por conta dele. “Já deixei de cumprir tarefas importantes que acabaram me prejudicando profissionalmente. Já perdi oportunidade de trabalhar em alguns lugares pelo medo de ligar para a empresa e pedir o e-mail para deixar o currículo”, conta.
Para encarar o medo do novo, a solução é drástica: é preciso enfrentá-lo. É o que afirma Leonard F. Verea, médico psiquiatra formado pela Faculdade de Medicina e Cirurgia de Milão, na Itália. “Para romper com a resistência, é preciso deixar de lado o velho comportamento e enfrentar o desafio e o novo. É necessário romper com sua zona de conforto”.
Se você deseja mudar de emprego, por exemplo, mas teme a dor de enfrentar as possibilidades do sucesso ou insucesso; ou quer perder peso mas teme enfrentar a dor de restringir alimentos, é necessário mudar a crença de que irá falhar e a percepção negativa de si próprio.
O medo que paralisa, que instiga respostas mais defensivas ou mesmo agressivas, pode gerar ansiedade excessiva, temores exacerbados e crises emocionais, gerando muita angústia e dificuldade de agir de maneira racional lógica e coerente. Neste caso, o mais indicado é buscar ajuda profissional, como acredita Cristiane. “Indica-se desde busca por tratamentos psicológicos ou psiquiátricos até trabalhos de desenvolvimento, como coaching”.
Prepare-se para novos desafios
Para ajudar a relaxar quando for enfrentar uma situação nova, aposte nestas dicas dadas pela psicóloga:
• Feche os olhos e concentre-se em acalmar sua respiração
• Observe qualquer desconforto no corpo e, com respirações profundas, procure se acalmar
• Pense positivo. Exemplos: “posso conseguir o que quero, “dou conta disso”, “posso aprender com isso” etc
Não vá ainda...
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