Imagine uma hashtag utilizada mais de 100 mil vezes num dia por um único objetivo: mostrar a importância do direito ao aborto para o mundo todo. Foi exatamente isso o que aconteceu com a #shoutyourabortion, que numa tradução livre significa "grite o seu aborto", criada após os Estados Unidos anunciarem a retirada do financiamento à instituição Planned Parenthood, organização sem fins lucrativos que realiza abortos legalmente no país.
A ideia de criar a tag surgiu das norte-americanas Amelia Bonow e Lindy West, que contaram suas próprias histórias para encorajar mulheres a dividirem seus relatos também. "Há quase 5 anos, em setembro de 2010, eu tomei uma pílula, depois outra, deitei na minha cama por um dia e, depois, não estava mais grávida. Foi uma experiência tranquila - a minha maior preocupação naquele momento era o fato de o meu relacionamento ser ruim e eu não ter dinheiro. O procedimento por si só foi um alívio, a impossibilidade de tê-lo é que seria um trauma para mim", afirmou a jornalista Lindy,
A campanha foi alvo de críticas de entidades religiosas e pessoas que são contra o aborto. O Twitter foi o local escolhido para a maioria das manifestações - tanto contra, quanto a favor:
"O #shoutyourabortion é a prova de que o liberalismo se transformou num grande culto satânico à morte", afirma esse usuário.
"Meu aborto foi em 2008. Isso salvou a minha vida e me fez escapar de um homem violento e abusivo fisicamente e emocionalmente", conta esta outra usuária da rede.
Amelia Bonow ainda deixou um último depoimento especialmente para quem acredita que mulheres que abortam são insensíveis ou não têm coração: "Há um ano eu fiz um aborto na Planned Parenthood. Tenho um bom coração e fazer um aborto me deixou feliz de uma forma inexplicável. Por que eu não deveria ficar feliz pelo fato de não ter sido forçada a virar mãe?".
"Os homens podem fugir da paternidade, mas quando uma mulher decide tomar a decisão ela sofre discriminações?"