Algumas preliminares podem até fazer parte da rotina sexual, mas, quando chega a hora da penetração vaginal, é como se uma “barreira” se formasse na região. Esse é o grande desafio enfrentado pelas vítimas do vaginismo, disfunção que impede a entrada do pênis na vagina. “A musculatura sofre uma contração involuntária que, geralmente, se dá pelo medo de o sexo ser doloroso ou até mesmo pela dor em si”, fala Carolina Ambrogini, ginecologista, sexóloga e coordenadora do Centro de Apoio e Tratamento do Vaginismo, da Unifesp (SP). Além desse desconforto, a sensação de ardência também integra a lista de sintomas. E as limitações não se resumem ao adiamento do prazer: fazer exames ginecológicos e colocar o absorvente interno durante o período menstrual são tarefas praticamente impossíveis para quem vivencia o problema. O possível sonho de uma gravidez, por sua vez, também se distancia.
Quem está sujeita ao vaginismo?
De acordo com Erica Mantelli, ginecologista e sexóloga (SP), as causas para tamanho temor e dor são multifatoriais: “Mulheres que tiveram educação repressora, sofreram traumas, abusos sexuais ou são influenciadas por religiões que consideram o sexo pecaminoso são as mais propensas a adquirirem o vaginismo”, destaca. Para Débora Pádua, fisioterapeuta uroginecológica e especialista em vaginismo (SP), a falta de conhecimento do próprio corpo e a insegurança durante as relações também são possíveis justificativas.
Tipos de vaginismo
Existem dois: o primário e o secundário. “No vaginismo primário, há a contração da musculatura do assoalho pélvico desde a primeira tentativa de penetração. Já o secundário acontece após algum evento. A mulher, nesse caso, já teve relações sexuais normalmente, mas, com o passar do tempo, adquiriu o problema por determinado motivo”, explica Débora Pádua.
Como é feito o diagnóstico?
Uma vez que a mulher relate ao ginecologista sua dificuldade em ter a penetração, uma avaliação é realizada. “O profissional observa seu grau de tensão durante o exame e se ela permite toques na região genital. Há pacientes que, de cara, fecham as pernas e ficam muito tensas”, conta Carolina Ambrogini. O procedimento também inclui o teste do cotonete, onde toca-se em alguns pontos da vulva para descartar a hipótese de vulvodínea, um distúrbio semelhante causado pela hipersensibilidade na área que resulta em dor. Outros problemas também precisam ser descartados: “Infecções pélvicas e urinárias, endometriose, tumores vaginais e DSTs estão entre eles”, afirma Erica Mantelli.
O tratamento adequado
“Como o vaginismo é uma patologia com diversas facetas, é de suma importância contar com o apoio de uma equipe interdisciplinar, para que todos seus aspectos sejam abordados”, orienta Erica Mantelli. Ginecologistas, fisioterapeutas e psicólogos – todos com prática em sexologia – são figuras importantes no tratamento, que varia caso a caso.
A primeira especialidade pode recomendar sessões de fisioterapia, por exemplo, que tratam o lado “físico” da questão e reeducam o cérebro para que ele entenda que sexo não é sinônimo de dor. “Durante a consulta, a paciente aprende a relaxar a musculatura do assoalho pélvico, para que tenha maior percepção da pelve e deixe de ‘travar’ no momento da relação. A eletroestimulação, o uso gradual de dilatadores vaginais e exercícios domiciliares são outros recursos usados a favor do tratamento”, informa Débora Pádua. O medo e os preconceitos que podem estar por trás do vaginismo são tratados com psicoterapia, que ajuda a desmistificar os tabus por meio do diálogo.
O Centro de Apoio e Tratamento do Vaginismo, na Unifesp, onde reside o Projeto Afrodite, coordenado pela médica Carolina Ambrogini, oferece suporte gratuito às vítimas do vaginismo. “A mulher deve entrar em conosco para, a primeiro momento, agendar sua participação em uma palestra sobre sexualidade. No mesmo mês, será encaminhada a uma consulta médica. Seu caso será discutido na equipe para, em seguida, ser definida uma linha de tratamento”, explica Carolina Ambrogini. As interessadas devem inscrever-se pelo telefone (11) 5549-6174 – o horário de atendimento é das 8h às 14h.
O tempo de duração do tratamento varia de acordo com o grau de “bloqueio” provocado pelo vaginismo – podem ser meses ou anos. Mas a boa notícia é que o distúrbio tem cura, sim! O medo é desmistificado, a mulher adquire confiança e aprende que o sexo = prazer!
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