A maioria das pessoas não entende muito bem o que é e supõe que acontece apenas com pessoas ~frágeis~ ou ~introvertidas~. Mas, não é bem assim. O medo e a inquietação que a ansiedade provoca são naturais e fazem parte das nossas emoções. “Trata-se de um sentimento de defesa e sobrevivência, faz parte de nossa herança filogenética e presente em todos os mamíferos. Ela nos impulsiona a reagir a situações de ameaça e enfrentar desafios”, explica Thiago Pacheco de A. Sampaio, coordenador da equipe de psicologia do Programa de Ansiedade do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP (SP).
Por que a ansiedade é algo ruim?
Mesmo sem um grande motivo, como uma entrevista de emprego ou reunião de trabalho importante, por exemplo, a apreensão e o medo podem surgir – jogue a primeira pedra quem nunca ficou rolando na cama, repassando as tarefas do dia seguinte! Basicamente, todos nós sentimos ansiedade, em maior ou menor intensidade. “A sensação de angústia, apreensão e desconforto é, às vezes, vaga, sem uma razão real ou definida”, diz Mariuza Pregnolato, psicóloga especializada em análise comportamental e cognitiva (SP).
Há diferentes tipos de ansiedade e elas podem se manifestar de diferentes maneiras. As mais comuns são a ansiedade generalizada e o transtorno de ansiedade.
Ansiedade generalizada
Não é à toa que reclamamos da rotina e do estresse. Uma pesquisa realizada pela Escola Nacional de Saúde Pública (Ensp/Fiocruz), em associação com a USP e UERJ, aponta índices alarmantes de pessoas com transtornos de ansiedade e depressão: 64,3% em Fortaleza, 57% em Porto Alegre, 53,3% em São Paulo e 51,9% no Rio de Janeiro. Se você é do time que não consegue desligar nunca, seja do trabalho, das contas a pagar ou dos problemas familiares, atenção.
Transtorno de ansiedade
Sabemos que as pessoas são diferentes, certo? “Algumas pessoas são naturalmente mais ansiosas do que outras. Isso pode ser um traço de personalidade ou uma característica psicológica que predispõe o indivíduo a experimentar graus mais elevados de ansiedade”, explica Thiago.
É físico
“Reações físicas como inquietação, fadiga, irritabilidade, dificuldade de concentração, tensão muscular, náuseas, falta de ar, aperto no peito e crises de palpitações, taquicardia e sudorese podem acontecer”, explica Renata Bataglin, psiquiatra do Hospital e Maternidade São Luiz Anália Franco.
“As mulheres são duas vezes mais suscetíveis aos transtornos de ansiedades, se comparados com os homens. Devemos considerar a rotina de cada um, mas a atuação dos fatores genéticos implicam tal conclusão”, afirma Renata. Será que as cobranças dos papeis sociais que nos impomos, como ser uma boa mãe, uma funcionária exemplar e uma esposa carinhosa está impactando nossa saúde? Como são diversos os fatores que provocam a ansiedade, dê atenção aos seus sintomas e procure um especialista.
Como controlar a ansiedade
A terapia é o caminho indicado, mas não o único. Com alguns métodos alternativos, controlar a ansiedade é algo possível. “A forma mais eficiente de lidar com ela é encontrar dentro de nós mesmos a nossa melhor maneira” diz Mariuza.
1. Mantras
“Vale experimentar mantras e técnicas de relaxamento. Sobretudo é preciso se conhecer bem para aprender o que funciona melhor” aconselha Mariuza. A dica é criar seu próprio mantra e repetir a si mesma assim que começar a se sentir ansiosa. Foque, respire e repita que você consegue. Se mantra não for a sua, talvez um pensamento feliz a ajuda: lembrar-se da sua casa da infância ou do seu animal de estimação podem trazê-la para um lugar seguro mentalmente.
2. Meditação
Controle seus pensamentos. Dizer é fácil, não é? A meditação ensina reconhecer o processo e o fluxo do pensamento. Um estudo realizado pela universidade John Hopkins verificou efeitos tangíveis na saúde de voluntários praticantes de meditação: desde dores musculares, transtornos mentais, insônia a diabetes. Publicado no Journal of the American Medical Association (JAMA), a pesquisa conclui que a prática alivia sintomas de depressão e ansiedade em casos moderados das doenças. “Para relaxar você não deve tentar se livrar da ansiedade, mas permitir que ela esteja presente”, diz Thiago.
3. Tricotar
Que tal... crochê e bordado? Não faça cara feia dizendo que isso é do tempo da sua avó. Uma pesquisa recente, realizada pela instituição canadense Craft Yarn Council, afirma que um terço de mulheres entre 25 e 35 anos fazem tricô ou crochê. No ano passado, durante uma campanha de combate ao estresse, nos EUA, tricotar foi um dos temas propostos. Herbert Benson, pesquisador e presidente do Instituto Mente e Corpo da faculdade de medicina de Harvard e autor do best seller The Relaxation Response, afirmou que a ação repetitiva das agulhas de tricô induzem a um estado de relaxamento mental semelhante aos do yoga e da meditação. A diferença é que você terá muitos suéteres e cachecóis para o próximo inverno.
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