Antes de partir para a moda sustentável, Tatiana Stein, fundadora da Brisa, trabalhou por anos na indústria do fast fashion. Naquela época, ela já assumia uma certa responsabilidade sobre suas criações e, junto com isso, sentia também a necessidade de mudança. Afinal, naquele ambiente, as roupas tinham de seguir as tendências do mercado, matérias-primas, serigrafias e aviamentos eram negociados por valores baixos e, claro, o preço de custo precisava ser igualmente reduzido.
“Percebi que esse sentimento era muito meu, já que questionava as minhas colegas do setor e ninguém sentia o mesmo”, conta Tatiana. Em 2015, foi demitida e decidiu tirar um ano sabático. Após estudar e pesquisar muito sobre o conceito de slow fashion, ela resolveu aplicar todo seu conhecimento de moda em uma nova empreitada mas, dessa vez, com uma proposta diferente da anterior.
Durante o ano off, Tatiana morou em um sítio onde contava com o plantio de alimentos orgânicos, criação de áreas de agroflorestas. Praticamente não gerava lixo, já que toda a produção de resíduos ia para uma composteira, junto com outros papeis e jornais. Um dos trabalhos assumidos por ela nesse período consistia em revirar e peneirar o composto para espalhá-lo nas hortas.
Entre os materiais orgânicos que sobravam, Tatiana notou um tipo de lã sintética, que não sofria decomposição de jeito nenhum – após perceber, novamente, toda a carga de responsabilidade que carregamos quando o assunto é o consumo de moda e o meio ambiente, Tatiana teve ainda mais vontade de mudar.
Foi aí que ela começou a colocar a mão na massa, e produzir uma moda mais consciente, com materiais orgânicos, de baixo impacto ambiental e recicláveis. Nascia a Brisa que, com roupas que utilizam apenas matérias-primas e tecidos orgânicos ou reciclados, tingimentos naturais e técnicas manuais de produção, hoje se consolida como marca sustentável de alfaiataria, totalmente slow fashion e de fabricação 100% nacional.
O Follw The Colours, site parceiro do taofeminino, bateu um papo bem legal com a Tatiana, que contou um pouco mais sobre a Brisa, suas inspirações e ideias. Leia a entrevista completa a seguir:
FTC: Há quanto tempo você cria as peças e quais são os materiais mais utilizados?
A marca surgiu efetivamente em setembro de 2016, que foi quando o primeiro produto tomou forma. Antes disso eu vinha pesquisando materiais e fazendo cursos de tingimentos naturais. Hoje utilizo na Brisa apenas tecidos de produção nacional, com cultivos sustentáveis e orgânicos ou recicláveis. Tento me informar ao máximo sobre o processo de produção dos tecidos para poder passar isso de forma clara para os nossos consumidores. Tento também manter um bom relacionamento com os mesmos e com os fornecedores, conversar como pessoa e não só como empresa, além de sempre ter o cuidado de enviar foto dos produtos depois de prontos.
FTC: A gente já falou bastante aqui sobre o lowsumerism, sobre marcas veganas, slow fashion e a conscientização do consumidor. Onde e como vocês se encaixam nisso?
A Brisa é uma marca de slow fashion, voltada para o consumo consciente, que respeita o tempo da natureza e utiliza ao máximo o que ela tem de bom para nos oferecer. O nome vem da união da natureza com a leveza, do eterno com o feminino. Acreditamos muito no atemporal, no confortável, e desejamos que tudo seja eterno enquanto dure. E, se o eterno tiver data marcada, o fim do produto fica por conta da marca.
Acreditamos no justo, desde a plantação da matéria prima ao preço final, e na transparência em todos os processos e pessoas que os envolvem. Por isso a conscientização do consumidor é um item fundamental.
A questão do orgânico vai muito além dos benefícios, pois na plantação sem pesticidas ou agrotóxicos, não se danifica o solo, o ar, a água (os agrotóxicos utilizados nas plantações atravessam o solo, alcançam os lençóis d’água e poluem rios e lagos), os animais e as pessoas.
FTC: A criação dos armários-cápsulas parece que veio para ficar. Vocês têm peças totalmente inspiradas nisso. Quais as dicas que vocês dariam para quem quer iniciar esse processo?
A gente tem sempre mania de dizer que nunca tem roupa suficiente, mas no fundo o que realmente precisamos são peças clássicas e básicas que conversem entre si. Por isso o primeiro passo é rever tudo aquilo que se manteve no seu gosto pessoal por anos, e explorar com outras peças e cores.
No nosso guarda-roupa cápsula temos um mix de produtos básicos e necessários que, se mesclados nas cores atuais, torna-se possível utilizar as peças por muito tempo. São t-shirts, regatas, blazer alongado e minimalista, short, calça, camisa oversized e vestido.
+ Como e por que montar um guarda-roupa cápsula?
FTC: Qual foi primeira peça da Brisa e o que ela representa para vocês hoje?
A primeira peça desenvolvida e pensada foi a t-shirt. Ela é super básica com decote canoa, bolsinho na frente e abertura com botão de casca coco nas costas. Hoje ela é nossa peça mais essencial, pois além de ser fácil de usar, engloba tudo o que a marca é: simples e elegante, atemporal, confortável, minimalista e feminina.
FTC: Com o que vocês se inspiram?
Para criar, eu me inspiro em dois itens importantes para a marca: primeiro é a mulher Brisa, que é uma pessoa simples, elegante, sincera, justa, verdadeira, confiante e otimista. Em segundo, me inspiro no tempo da natureza, no momento certo e natural para que tudo aconteça. Acredito que unindo os dois itens a marca passa a existir de uma forma mais leve.
FTC: Uma frase que defina o conceito da Brisa:
“De quanta natureza precisamos para manter o nosso estilo de vida?” – Frase que vem do livro ‘Moda Ética para um Futuro Sustentável’. Acredito que esse questionamento sempre vale, para tudo e para todos!
Onde encontrar?
Na loja virtual da Brisa, e também no Coletivo 828, em Porto Alegre – RS (Rua Visconde do Rio Branco, 828). Para não perder nenhuma novidade da marca, fique de olho nas publicações da Brisa no Instagram e no Facebook.
Info + Fun. O FTC é um site que traz conteúdo informativo e criativo sobre moda, arte, design, cultura, decoração, tecnologia, tatuagens, gastronomia e viagens.
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