Nos anos 90, para você ser descolada, você TINHA que ter um par de patins in line. Quanto mais neon, mais cool. Me lembro de ficar horas disputando com a galera quem era mais veloz nas ~rodinhas de gel~. Diferencial que nunca provou-se eficaz, já que todas as rodinhas pareciam iguais... Anos depois, acreditei que a máxima “quando se aprende algo de verdade, jamais se esquece” era real. Fui ao Parque do Ibirapuera, em São Paulo, calcei um par novinho e me joguei na pista.
Literalmente. Depois de um primeiro tombo, não soltava do braço da amiga, enquanto criancinhas riam de mim. Tentei me equilibrar por mais alguns minutos, mas fui vencida pela frustração de não conseguir repetir as manobras da adolescência. Se como eu, você quer voltar a patinar ou tentar pela primeira vez a modalidade, perguntamos a especialistas o que fazer (ou não) antes de ganhar as pistas da cidade!
Ao mesmo tempo que trabalha pernas e bumbum, a patinação estimula o equilíbrio e a percepção corporal. “É um ótimo exercício cardiorrespiratório, tão eficiente quando andar de bicicleta, e impacta cerca de 70% menos as articulações dos joelhos quando comparado a corrida”, afirma Erick Barreto, da escola de patinação EB Roller School (SP). Como os movimentos são amplos, a flexibilidade e mobilidade também são estimuladas.
A patinação trabalha o corpo todo...
Com a patinação, o corpo todo é recrutado para realizar os movimentos. Amanda Inácia, educadora física da academia Bodytech (SP), explica quais são eles. “Pernas e os glúteos são como um motor que conduzem o descolamento. O abdômen é acionado para manter a postura e firmeza (e deve ser mantido contraído), já os braços ajudam a dar equilíbrio, impulso e velocidade”.
É uma boa opção aeróbica
A atividade queima cerca de 600 calorias em 1 hora de aula. Algumas academias têm inclusive um aparelho elíptico, que simula os movimentos da patinação, mas sem o ventinho no rosto que só uma atividade ao ar livre proporciona.
Patinação para iniciantes: segurança total, risco zero
Para não correr o risco de se machucar (como eu, que levei um tombo!) é importante procurar um instrutor físico que acompanhe suas primeiras aulas. Patinação é um esporte, assim, apenas instrutores regulados pelo Conselho Regional de Educação Física (CREF) estão aptos a ensinar a modalidade. Já falamos o quanto é importante a execução correta de movimentos para evitar lesões, não é?
Exigência número um: capacete e protetor de queixo! Depois, luvas, munhequeiras, cotoveleiras e joelheiras. Mesmo que vá treinar numa pista lisinha e não em um parque, nenhum chão é macio e esses equipamentos suavizam a queda. “É importante saber cair. Patins bem ajustados são, por si só, um equipamento de segurança, já que poupam pés e tornozelos contra lesões graves”, diz Amanda Inácia. Postura deve estar alinhada e o abdômen não pode ficar “solto”, ou pode facilitar a queda.
Choveu? Deixe para outro dia. “É muito perigoso, até para o atleta experiente. A patinação depende do atrito com o solo para promover a velocidade. Imagine que os pés empurram o chão para se movimentar. Sem aderência, é inevitável escorregar”, alerta Erick Barreto.
Como escolher os patins ideais?
Eu sei o quanto é prazeroso comprar online, mas no caso dos patins, essa não é uma opção. “Vá a uma loja especializada. Um erro comum é achar que eles devem ter um tamanho maior que seu pé, isso é mito! Eles devem ter o exato tamanho de seu pé”, diz Erick. Erro: O número do seu calçado não é uma boa referência. Seu tênis e o patins não possuem o mesmo formato. Além da largura e anatomia dos dedos que se ajustam ou não a diferentes modelos.
Não é frescura, hein? A bota deve estar bem presa aos pés, caso contrário, pode acabar torcendo os tornozelos e joelhos.
O que mais você deve saber
- Soft boot: é semelhante a um tênis por possuir cadarços e são mais flexíveis. Possui uma base mais cumprida, o que dá estabilidade em terrenos irregulares e buracos.
- Hard boot: tem base mais curta e bota rígida, o que proporciona mais firmeza no pé. Para quem quer ganhar agilidade, esse é uma boa opção.
- ABEC: diz respeito à eficiência dos rolamentos por giro – “o ideal para um iniciante é entre 3 a 7”.
- Rodas: podem ter de 56 a 120 milímetros. As menores são voltadas para a prática street e as maiores, para corrida, por exemplo. “Indico de 72 a 84mm para iniciantes”.
- Dureza da roda: quanto maior a dureza, quanto mais molinha a rodinha menor será a velocidade. São acompanhados pela letra “A” na nomenclatura e, de novo, variam de acordo com o objetivo do aluno. Aquelas rodinhas ~de gel~ dos anos 90 eram puro marketing, mas agora sei que nem todas as rodinhas são iguais!
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