Esqueça o eixo Estados Unidos/Europa e toda influência que ele tem na nossa cultura, cara leitora. Nesse mundão do qual fazemos parte, por mais que seja difícil de acreditar, existem infinitas possibilidades para serem exploradas quando o assunto é inspiração de moda. É só você abrir seus horizontes. No momento, nossos olhos só conseguem enxergar as tendências do continente africano - mais especificamente, estamos com os radares sintonizados lá em Gana, na África Ocidental.
Mas o que será que você vai encontrar de interessante ao entrar no universo cibernético ganês? No que depender da gente, mulheres fortes, empoderadas, lindas e extremamente estilosas vão adentrar sua timeline, dando boas dicas de estilo, moda, beleza e cultura negra.
Para aguçar a curiosidade, deixamos você com 5 nomes que, apesar de pouco conhecidos em terras brasileiras, estão dando o que falar graças a iniciativas altamente inspiradoras, dentro e fora da web. Já vamos adiantando: todas elas são muito mais do que um rostinho bonito - provamos a seguir.
Nana Ekua Brew-Hammond
Com um estilo que já atraiu as lentes de publicações como New York Times, The Sartolialist e Essence, fica fácil elogiar essa ganesa residente em Nova York só levando em conta seus looks. Mas Nana Brew-Hammond vai muito além do status de “musa”: é autora do romance Powder Necklace e palestrante pelo TEDx – em ambos os projetos ela fala sobre a importância das identidades africanas.
Os anos que passou em Accra, capital de Gana, tiveram impacto direto em seu jeito de se vestir: “Gana tem uma cultura muito forte de alfaiates e costureiras. Muitos ganeses usam roupas feitas sob medida em datas especiais. Como eu uso esse tipo de roupa desde os meus 12 anos, comecei a entender como alguns tecidos se comportam e quais silhuetas funcionam no meu corpo”. Brew observa que Gana, inclusive, tem seus próprios tecidos tradicionais, como o kente – o mais famoso da região, estampado, feito de algodão e seda – ainda que possam ser incorporados em vestimentas de outras regiões da África Ocidental.
Hamamat Montia
Hamamat Montia começou sua carreira vencendo o Miss Malaika, em Gana, e, desde então, atua como modelo e influenciadora digital. Ela aproveitou o reconhecimento na internet para fundar a própria instituição de caridade, que leva o nome de Africa Eats Now e ajuda a combater a fome no continente. Além de mãe e empresária, Hamamat é também dona da série de livros infantis “Zuzu e Sasa”, que procura empoderar crianças e adolescentes africanos através de seus personagens inspiradores.
Ah! E não para por aí. Além do que já foi falado, Montia tem também uma linha homônima de produtos para a pele. Entre os cosméticos de maior sucesso estão sabonetes à base de manteiga de Karité e esfoliantes feitos com receitas que ela herdou da avó - ervas e processos naturais são os protagonistas da empreitada, sempre documentada nas redes sociais da modelo. Se levarmos em conta a pele perfeita de Montia, dá para perceber que sua avó sabia bem o que estava fazendo.
Afua Rida
Ganesa e libanesa, Afua Rida é uma estilista, blogueira e produtora de moda que cresceu frequentando escolas internacionais em Gana, mas fez faculdade na Califórnia. Desde então, ela voltou à terra natal e construiu sua boa reputação trabalhando ao lado de designers distintamente modernos – e africanos, claro.
“Eu fico encantada quando vejo estilistas de Gana finalmente começando a se mover para seus verdadeiros 'eus', se expressando pelos próprios trabalhos”, escreveu Afua em seu site, Styled By Rida, no começo deste ano. “É muito fácil copiar apenas um modelo que já funcionou para alguém e, acredite em mim, muitos criativos estão se mantendo seguros. Eu acredito que quando você se sintoniza com você mesmo, você cria seu melhor trabalho, e é aí que o mundo vai aplaudir”.
Jojo Abot
A cantora Jojo Abot já tocou em shows ao lado de Lauryn Hill e foi garota-propaganda da linha de roupas da atriz americana Rosario Dawson. Mas ela afirma que sua maior inspiração artística vem dos artistas ganeses, que conheceu quando morava em Accra. Como cresceu principalmente no Brooklyn, em Nova York, Jojo sempre garantia as passagens para Gana quando ia comemorar o aniversário da avó – e, uma hora, acabou ficando por lá. Agora, ela divide seu tempo entre Nova York, Copenhague e Accra, já que suas músicas de vibes "afro-hipno-sonoras", têm sabor global – seja cantando em inglês ou em ewe, uma língua falada por muitas pessoas no sudeste de Gana. Com letras que abordam de relações inter raciais aos direitos das mulheres, os temas têm forte apelo social.
A capacidade de Jojo Abot de cruzar fronteiras usando as linguagens de moda e maquiagem não ficam muito atrás de sua música. Os videoclipes, por exemplo, são autodirigidos por ela, e mostram uma Jojo que usa tintas faciais e corporais, maquiagens bafônicas e seu luxuoso cabelo natural, quando não aparece com uma peruca de neon. "Eu tropecei em um movimento underground verdadeiramente poderoso que me provocou de uma maneira positiva. Sou eternamente grata a Gana por me dar o espaço e as pessoas que eu precisava para florescer."
Mimi Plange
Suas criações foram flagradas, pela primeira vez, vestindo Michelle Obama e Rihanna, e também nas páginas de revistas e sites como Vogue, New York Times e WWD. Mimi Plange, nascida em Gana e criada em São Francisco, EUA, é dona de uma marca homônima que, por incrível que pareça, não desenvolve roupas usando tecidos tradicionalmente africanos. Mas são os detalhes sutis que mostram que suas raízes africanas nunca saíram totalmente de cena. Em sua coleção de roupas para a primavera 2016, Mimi inseriu amarrações que faziam referência à escarificação (processo cultural muito comum na África, que consiste em cicatrizes representativas na pele, retratando a beleza e outros motivos que podem variar entre tribos e religiões). Sua mais recente colaboração com a empresa francesa de móveis Roche Bobois, também tem um pézinho na África: as estampas abstratas desenhadas por Plange são inspiradas no kente africano, já mencionado anteriormente.
"Eu cresci no caldeirão que é a América, mas não me esqueci de onde vim", explicou Plange. "Nossas roupas são uma mistura de sportswear americano embebido em tradições africanas e silhuetas modernas. Eu acredito que as roupas traduzem uma autêntica estética vinda de Gana, porque é isso que sou".
Fonte: Fashionista.com
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