Apesar de ultimamente o continente africano ter sido destaque em diversos desfiles, o design raramente é assinado por pessoas que descendem dessa realidade e carregam a cultura afro na pele (quem não lembra da polêmica coleção primavera/verão 2016 da Valentino?). Pois é, as mulheres negras não estão nos ateliês das grandes marcas, não estão nas revistas de moda e nem nas passarelas. Mas aos poucos vão conquistando espaço e lutando por mais oportunidades. Com vocês, sete estilistas que usam seu talento como ativismo.
Goya Lopes
Com o objetivo de criar uma vertente de moda afro-brasileira, Goya Lopes passou seus desenhos do papel para o tecido. A artista plástica se formou pela Universidade Federal da Bahia e estudou Design na Itália. De volta ao Brasil, ela começou a contar a história do povo negro por meio de estampas deslumbrantes em cortes coloridos, inspirados nas vestes típicas de diferentes povos da África. A baiana já vestiu Moraes Moreira e Jimmy Cliff. Apesar de hoje a produção ser em escala e o reconhecimento ser internacional, os desenhos são feitos à mão com todo o carinho de quem quer preservar sua identidade por meio da expressão cultural. Você pode comprar vestidos, turbantes e outras criações na loja Goya Lopes Design Brasileiro.
© goyalopes.com.br
Monif Clarke
Conhecida como A designer de moda plus size. Há uma década, cansada de ver as melhores roupas serem direcionadas apenas às mulheres magras, Monif Clarke criou, em parceria com sua mãe, a loja Monif C, na qual você encontra até mesmo biquínis que valorizam a beleza da mulher gorda. Nascida no Brooklyn, a estilista tem raízes em Barbados, terra de seus pais. Inspirados no clima do verão latino, seus modelos coloridos com detalhes vintage são desenvolvidos especialmente para mulheres fora do padrão. “Quem disse que plus size não pode ser sexy, luxuoso e feminino?”, diz Monif sobre o ideal da sua confecção. As famosas Jill Scott, Chaka Khan e Amber Riley ficam lindas com roupas da marca.
© Instagram.com/monifcplussizes
Amaka Osakwe
Amaka Osake é a estilista idealizadora da Maki Oh e queridinha das famosas Solange Knowles e Lupita N’yong. Amandla Stenberg também usou uma peça de Amaka no álbum visual da Beyoncé. Poderosa, não? Omaka fez o mundo inteiro notar a moda nigeriana com suas modelagens inteligentes e sensuais. As pinturas das estampas são feitas à mão com ingredientes naturais e as coleções constroem diálogos sociais e históricos. No ano passado, ela participou de um evento da São Paulo Fashion Week em parceria com o museu Afro Brasil, no qual modelos afro-brasileiras desfilaram roupas de cinco estilistas africanos. Xuly Bët (Mali), Palesa Mokubung (África do Sul), Jamil Walji (Quênia) e Imane Ayissi (Camarões) dividiram a cena com a nigeriana.
© instagram.com/maki.oh
Carol Barreto
Reflexões sobre gênero e raça são o que dão vida aos trabalhos de Carol, que une o amor pela moda ao mundo acadêmico. A baiana é designer, professora e pesquisadora da Universidade Federal da Bahia e seus produtos são voltados para a construção de representações conscientes no consumo de moda. A estilista já participou de eventos internacionais renomados como a Dakar Fashion Week, no Senegal, e a Black Fashion Week, em Paris. Lançou recentemente o EduDoc Moda.Devir, um vídeo de Claudio Manoel que envolve modelos das comunidades Quilombolas da sua região, mais um passo para o que se pode chamar de ModAtivismo antirracista.
© Alexis Peskine
Loza Maléombho
A estilista nasceu no Brasil, mas foi criada entre os Estados Unidos e Costa do Marfim, onde produz suas peças e leva para o trabalho toda sua vivência multicultural. Formada em Animação na Universidade de Artes da Filadélfia, seu objetivo é capacitar as mulheres com uma oficina de fabricação de pequeno porte que estimule a contratação de moças jovens com origens desfavoráveis. Ela também trabalha em estreita colaboração com artesãos locais. A marca Loza Maléombho, lançada em 2009, é uma fusão de culturas tradicionais e moda contemporânea, o que resulta em uma estética bem eclética. Um dos projetos da coleção de primavera/verão da Loza foi usado no clipe da Beyoncé, Formation.
© instagram.com/lozamaleombho
Darlene e Lizzy Okpo
As irmãs Olsen não são as únicas que fazem sucesso no mundo da moda. Filhas de imigrantes nigerianos, as irmãs Okpo são os nomes por trás da William Okpo (nome do pai e grande inspiração das garotas). A marca foi criada para ilustrar a estética única que resulta da justaposição da sensibilidade cultural do imigrante contra a do nativo americano. O design de Darlene e Lizzy dá vida a roupas femininas modernas com toques delicados de elementos masculinos no estilo alfaiataria boyish. O talento das estilistas chamou atenção de Solange Knowles, hoje amiga das irmãs e grande apoiadora da marca. Amizade que inclusive já rendeu frutos: as Okpo fizeram parte da equipe de estilo do tênis Puma Disc, lançado em parceria com Solange e inspirado no Brasil.
© instagram.com/williamokpo
Laura Smalls
Laura Smalls ficou muito popular no mundo da moda em 2012, quando ninguém mais, ninguém menos que a primeira dama dos EUA usou duas de suas criações na Democratic National Convention. Seus traços são elegantes, sofisticados e o acabamento das peças é extremamente limpo e estruturado. Mas foi uma longa trajetória até aqui: a estilista descobriu o amor pela moda ainda criança e estudou Design na Parsons School of Fashion até 1976. Laura enfrentou dificuldades para conseguir emprego na área, mesmo depois de se formar (quem não deu oportunidade para a jovem afro-americana deve se arrepender amargamente). Hoje, a determinada mulher está na seleta lista de estilistas de Michele Obama, Angelina Jolie, Zoe Saldana e Halle Berry.
© GettyImages
Texto escrito por @compergeovana e editado por @gabrielamori
